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Censo da Vida Marinha

6 de outubro de 2010

Mais de 20 novas espécies foram descobertas através do primeiro Censo Mundial da Vida Marinha, divulgado em Londres nesta semana. Estudo serve de base para averiguar mudanças na biodiversidade dos oceanos.

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Peixe-ogro vive em grandes profundidadesFoto: IFM-Geomar/David Shale/Mar-Eco

Milhares de novas espécies marinhas foram registradas por pesquisadores numa das maiores ações conjuntas já realizadas pela comunidade científica internacional. Depois de dez anos de trabalho, o primeiro Censo Mundial da Vida Marinha, conduzido por cerca de 2.700 cientistas de mais de 80 nações, foi apresentado no início desta semana em Londres.

O censo elevou a estimativa de espécies marinhas conhecidas em 20 mil, totalizando agora 250 mil, e localizou mais de 6 mil potenciais novas espécies, das quais se completou a descrição de mais de 1.200. Esses números incluem apenas animais e plantas, deixando de lado micróbios.

Apesar desse estudo internacional de 470 milhões de euros, um quinto dos oceanos continua completamente desconhecido. Os cientistas acreditam que o total de espécies seja de 1 milhão, muito além das 250 mil conhecidas.

Três livros sobre o estado dos oceanos resultaram das cerca de 540 expedições realizadas. Os cientistas analisaram todo tipo de vida no "planeta oceano" – do Ártico aos trópicos. Um quinto das espécies marinhas são crustáceos, como caranguejos ou lagostas, e 17% são moluscos, como, por exemplo, os polvos.

Census of Marine Life
Medusa Atolla afasta inimigos com sua bioluminiscênciaFoto: IFM-GEOMAR/David Shale/Mar-Eco

Novas espécies descobertas

Uwe Piatkowski, do Instituto Leibnitz de Ciências Marinhas (IFM-Geomar), foi um dos cientistas que participaram da equipe internacional. Entre as novas espécies está também o molusco Adelieledone piatkowki, um tipo de lula com tentáculos afiados, descoberta por Piatkowski e sua equipe em 2002.

A bordo de seu navio de pesquisa trabalhavam em média cerca de 30 cientistas de diversos países, inclusive algumas sumidades em suas áreas de estudo, disse o biólogo marinho de Kiel, no norte da Alemanha: "Quando uma nova rede vinha a bordo, cada um se lançava sobre os seus animais. Às vezes, isso acontecia durante a noite, mas estávamos sempre como eletrizados."

Então o verdadeiro trabalho começava: as espécies tinha de ser classificadas, fotografadas e conservadas. No total, quinze novas espécies de polvo caíram na rede dos cientistas. "Isso parece muito, mas dá apenas uma pequena ideia das surpresas que os oceanos nos reservam", explicou Piatkowski.

FishBase

Diferentemente da maioria de seus colegas, Rainer Froese, membro da equipe internacional também do Instituto Leibnitz, realizou seus trabalhos de pesquisa em terra. A função dele era classificar corretamente os nomes das espécies de peixes cadastradas, deixando de lado as denominações que não eram mais válidas.

Para isso, Froese vasculhou durante anos bibliotecas e museus de todo o mundo. O resultado: o banco de dados global FishBase, com informações sobre peixes. "Assim, os peixes são o primeiro grande grupo sobre o qual temos clareza", disse.

Froese assegura que existem mais espécies de peixes do que se imaginava até agora. Os biólogos marinhos acreditavam na existência de cerca de 20 mil espécies. O banco de dados FishBase já catalogou mais de 32 mil espécies, 279.600 nomes e 49 mil imagens.

A boa notícia é que existe um número maior de espécies de peixes do que se conhecia até agora; a má é que muitas delas estão ameaçadas. Essa ameaça atinge principalmente peixes de água doce, mas o número de espécies marinhas em perigo também é crescente.

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Pesca industrial é fator de mudança na biodiversidade marinhaFoto: KfW-Bildarchiv/Bernhard Schurian

Ameaças à biodiversidade

Apesar dos novos conhecimentos, Piatkowski afirmou que o trabalho ainda está longe de ser finalizado. "Nós esperamos que ele continue", disse. Com a ajuda de satélites e outros recursos tecnológicos, os pesquisadores puderam também reconstituir a migração de espécies, como, por exemplo, em direção às massas de gelo em derretimento.

Outro resultado da pesquisa foi a constatação de que muitas espécies estão espalhadas por mais regiões do que se sabia até agora. Agora deve ser pesquisado como os animais conseguem sobreviver sob as mais diferenças condições.

Segundo o cientista, os dados do Censo da Vida Marinha também servem de base para constatar as mudanças nos mares do mundo, seja devido às mudanças climáticas, seja através da influência humana, como derramamento de óleo.

Em todos os oceanos, o estudo constatou que a pesca excessiva, a poluição e o aumento da temperaturas dos oceanos são as maiores ameaças para a biodiversidade – com a respectiva variação regional de cada um desses fatores.

Autor: N. Scherschun / A. Reitinger / C. Albuquerque

Revisão: Alexandre Schossler