Cautela em sondagens de coalizão entre SPD e CDU/CSU
7 de janeiro de 2018No primeiro dia de suas sondagens para a formação de um governo de coalizão para a Alemanha, as lideranças das conservadoras União Democrata Cristã (CDU) e Social Cristã (CSU) e do Partido Social-Democrata (SPD) sublinharam a necessidade de reformas abrangentes em nível nacional e europeu.
"Todos estamos conscientes da responsabilidade pelo futuro da Alemanha e da Europa", declarou neste domingo (07/01) o secretário-geral do SPD, Lars Klingbeil, na Casa Willy Brandt, central federal do partido, em Berlim, em cauteloso comunicado de comum acordo com as demais legendas participantes.
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Está claro para todos que "não haverá um 'continuemos assim'", prosseguiu o político social-democrata. A vontade comum é que as sondagens apresentarão um resultado na próxima quinta-feira, "sob cuja base então decidiremos se vale a pena continuar o diálogo".
Ele enfatizou que a Alemanha se encontra "numa nova era", a qual "precisa de uma nova política": "Estamos vendo que a política neste país precisa mudar." Klingbeil assegurou que as deliberações do dia foram muito sérias e concentradas, porém abertas: embora políticos e partidos já se conheçam, esta é "uma situação especial", observou.
Com a corda no pescoço
Após mais de três meses sem governo, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tenta encerrar a novela política com o início das sondagens entre os maiores partidos sobre uma reedição da última coalizão de governo.
"Eu, pessoalmente, farei todo o possível para que esta coalizão siga adiante", disse Horst Seehofer, líder da União Social Cristã (CSU), partido-irmão bávaro da União Democrata Cristã (CDU) de Merkel.
O encontro deste domingo visava examinar se existe efetivamente consenso suficiente para iniciar negociações formais. Após as eleições legislativas de setembro passado, quando o SPD obteve seu pior resultado desde 1949, o partido anunciou que voltaria à oposição.
Merkel recorreu então aos partidos Verde e Liberal Democrático (FDP) para tentar formar um governo de maioria, mas as negociações fracassaram em novembro, complicando o futuro de um quarto mandato de Merkel como chanceler federal.
Em meados de dezembro, a líder alemã conseguiu convencer os social-democratas a iniciarem sondagens sobre a possibilidade de uma coalizão. Enfraquecidos após o fracasso das conversações com verdes e liberais, e após perderem terreno para os populistas na última eleição, a chanceler federal e sua CDU, no poder há 12 anos, depositam agora toda a esperança no SPD para evitar novas eleições ou um governo de minoria.
Algumas das principais diferenças entre os partidos dizem respeito à reunião familiar de refugiados com status temporário, recusada pelos conservadores, e à exigência dos social-democratas de impor um seguro de saúde único, acabando com o sistema atual, em que convivem seguros públicos e privados.
Social-democratas são "gatos escaldados"
Apesar da árdua tarefa que tem pela frente, Merkel começou o ano convencida de que conseguirá garantir seu quarto mandato consecutivo como chanceler federal. Em seutradicional discurso de Ano Novo, a democrata-cristã argumentou que os políticos têm a tarefa de cuidar dos desafios do futuro, tendo em mente as necessidades de todos os cidadãos, e que ela se sente na obrigação de cumprir esta missão. Por isso trabalha para estabelecer rapidamente um governo estável para a Alemanha no novo ano, disse.
Merkel e o líder social-democrata, Martin Schulz, estabeleceram 12 de janeiro como prazo para que os partidos decidam se vão ou não iniciar negociações oficiais para formar uma coalizão e estabelecer um programa de governo conjunto.
Apesar de haver otimismo, muitas vozes apontam que, mesmo que tudo dê certo entre conservadores e social-democratas, Berlim não deve contar com um novo governo antes do fim de março ou início de abril. A Alemanha nunca demorou tanto para constituir um governo.
Os social-democratas querem evitar ficar novamente à sombra da "eterna chanceler". Muitos acreditam que o revés sofrido nas últimas eleições se deveu em grande parte a isso, e temem voltar a sair perdendo como parceiros menores de Merkel.
AV,LPF/afp,rtr,dpa
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