Catalães mantêm pressão em segundo dia de protestos
16 de outubro de 2019Manifestantes separatistas e forças da polícia regional da Catalunha voltaram a se enfrentar nesta terça-feira (15/10). Foi o segundo dia seguido de protestos devido à decisão do Tribunal Supremo da Espanha de condenar nove líderes separatistas a penas de 9 a 13 anos de prisão.
No centro de Barcelona, um ato reuniu cerca de 40 mil pessoas, segundo autoridades locais. A polícia avançou contra centenas de manifestantes, entre eles muitos jovens com os rostos escondidos por lenços e máscaras, que responderam lançando garrafas, pedras e sinalizadores, além de acenderem fogueiras diante de um cordão de isolamento formado por agentes de segurança na frente de um prédio do governo central.
Os manifestantes chegaram ao local, que estava protegido por um forte esquema policial, atendendo a um apelo dos chamados Comitês de Defesa da República (catalã), um dos grupos separatistas mais radicais da Catalunha.
A emissora de TV regional exibiu também uma ação da polícia contra os separatistas que participavam de um protesto em Tarragona, 100 km a sudoeste de Barcelona. Antes, os manifestantes bloquearam ferrovias e várias estradas, entre elas a AP-7 que liga Espanha à França e a A-2, entre Barcelona e Madri.
Na segunda-feira, a sentençamotivou uma onda de críticas políticas e deu origem às manifestações, que por sua vez causaram bloqueios de ruas, estradas, e ferrovias, o que voltou a se repetir em várias províncias catalãs. Grupos de separatistas também bloquearam na segunda-feira os acessos ao aeroporto de Barcelona, o que provocou o cancelamento de 155 voos.
Os protestos já estavam sendo organizados desde domingo por meio do aplicativo Telegram. Mensagens foram distribuídas para mais de 150 mil pessoas com instruções para eclosão de manifestações assim que uma eventual sentença desfavorável para os líderes separatistas fosse anunciada. "Amanhã vamos estar todos prontos! A resposta à sentença será imediata!", dizia uma mensagem.
Na segunda-feira, o Tribunal Supremo da Espanha condenou nove líderes separatistas envolvidos na tentativa de independência da Catalunha, promovida em outubro de 2017, a penas que variam entre nove e 13 anos de prisão. Todos os réus foram, porém, absolvidos da acusação mais grave, de rebelião.
O grupo foi condenado por crimes de sedição e desvio de recursos públicos, numa decisão já esperada. Três acusados foram considerados culpados apenas pelo crime de desobediência e não foram sentenciados a prisão.
A pena de detenção mais longa, de 13 anos, foi dada ao ex-vice-chefe do Executivo catalão Oriol Junqueras. Outros três outros membros do governo regional foram condenados a 12 anos de prisão: Raul Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa.
A ex-presidente do parlamento regional Carme Forcadell pegou uma pena de 11,5 anos de prisão, e os conselheiros regionais Joaquim Forn e Josep Rull, penas de 10,5 anos de detenção. Os líderes de associações independentistas Jordi Sánchez e Jordi Cuixart foram condenados a nove anos de prisão.
Os nove condenados, que já estão presos preventivamente, também não poderão exercer qualquer cargo público durante o período da sentença.
Líderes separatistas catalães afirmaram que a decisão é uma "atrocidade" e um "ataque à democracia". "Um total de 100 anos de prisão. Que horrível. Agora mais do que nunca estaremos com vocês", comentou o ex-líder catalão Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica após a declaração de independência.
Horas depois de anunciar a sentença, o Tribunal Supremo da Espanha emitiu um novo mandado europeu de prisão contra Puigdemont, que vive exilado na cidade belga de Waterloo. O juiz Pablo Llarena ativou o mecanismo para solicitar a extradição do ex-governante catalão.
JPS/efe/rt/afp
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