Catástrofe afeta companhias de resseguro
28 de dezembro de 2004Os tsumanis provocados pelo maremoto de domingo (26/12) atingiram os mercados financeiros internacionais, no início desta semana, mas seu efeito foi bem menos devastador do que no litoral dos países da Ásia. O nervosismo nas bolsas de valores restringiu-se às ações das grandes operadoras de turismo, companhias aéreas e empresas de resseguro.
A falta de dados concretos sobre as conseqüências econômicas da catástrofe gerou insegurança nos pregões. As bolsas de Cingapura e Malásia sofreram uma leve baixa, na segunda-feira (27/12), e abriram com movimento instável nesta terça-feira (27/12). O yen (embora o Japão não tenha sido atingido) e outras moedas asiáticas sofreram uma leve desvalorização.
Os maiores prejuízos provavelmente ocorreram nas regiões turísticas, como a Tailândia, onde o turismo é responsável por cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, rende US$ 8 bilhões por ano. Isso explica a queda das ações de empresas ligadas ao setor, entre elas, a operadora de turismo TUI, da Alemanha; companhias aéreas como a Lufthansa (devido à sua participação na Thomas Cook), Singapore Airlines e AirAsia; e as empresas de resseguro Münchener Rück, Hannover Rück e Allianz.
Na opinião dos analistas, os tsunamis terão efeito negativo sobre o balanço das companhias de resseguro, "mas não será uma catástrofe, por mais dramáticas que sejam as imagens de destruição vindas da Ásia". Isso porque, nos países mais atingidos (Sri Lanka, Índia, Tailândia e Indonésia), não há tantos bens segurados como nos países industrializados do Ocidente.
Pobres não têm seguro
"Calculo que os prejuízos do maremoto serão menores do que o dos ciclones que atingiram o Caribe e a Flórida em agosto deste ano. Na Ásia, lamentavelmente, foram atingidos os mais pobres. Por isso, o valor dos bens segurados é baixo. Não foram destruídas grandes cidades ou áreas industriais", disse o analista Konrad Becker, da Merck Finck.
As companhias de resseguro ainda não divulgaram dados sobre os possíveis prejuízos. "Ainda é muito cedo para fazer um cálculo das consequências", disse Simone Lauper, assessora de imprensa da Swiss Re, da Suíça.
Mesmo sem mencionarem números, especialistas acreditam que os efeitos negativos para a Swiss Re são comparáveis aos da Münchener Rück, líder mundial do setor. Já a Hannover Rück e a Allianz esperam perdas mínimas.
"Como maior companhia de resseguros do mundo, a Münchener Rück é atingida por qualquer catástrofe natural internacional. Mas os prejuízos, neste caso, deverão ser relativamente pequenos", diz Merk. Ele vê como maior problema os estragos provocados nos grandes hotéis das Ilhas Maldivas, financiados por investidores internacionais e bem segurados.
Dezembro e janeiro são os dois meses mais movimentados na indústria do turismo no sul da Ásia. As inundações provocadas pelo maremoto poderão ter forte impacto sobre o setor, que estava começando a se recuparar da baixa sofrida após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Bird prevê ajuda de US$ 5 bi
Segundo estimativas preliminares do Banco Mundial (Bird), os países asiáticos afetados pelos tsunamis no domingo vão precisar ajuda no valor de 5 bilhões de dólares. Um volume de recursos semelhante foi destinado à América Central, depois que o furacão Mitch matou cerca de 10 mil pessoas e causou danos de US$ 10 bilhões em 1998.
O diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo Rato, anunciou que o FMI pretende fornecer toda a assistência possível para enfrentar as conseqüências do terremoto e das inundações do fim de semana. " A comunidade internacional precisa agir rapidamente para ajudar as nações atingidas a lidar com a catástrofe", acrescentou.
A Cruz Vermelha Internacional e sua equivalente islâmica, Crescente Vermelho, iniciaram uma campanha para coletar US$ 6,5 milhões de dólares a título de ajuda de emergência. Os Estados Unidos prometeram liberar imediatamente uma ajuda de US$ 15 milhões, e a União Européia, outros US$ 4,1 milhões.