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Casal satânico é condenado

Alessandra Andrade31 de janeiro de 2002

Manuela e Daniel Ruda, que dizem ter matado em nome do diabo, sofrem de distúrbios narcisistas de personalidade e anomalia mental.

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Manuela e Daniel RudaFoto: AP

Chega ao fim o julgamento de Manuela (23) e Daniel Ruda (26), os assassinos que "mataram em nome do diabo". O casal satânico deverá cumprir longa pena de prisão, parte da qual numa clínica psiquiátrica. Nesta quinta-feira (31), o Tribunal de Justiça de Bochum, na região industrial do Ruhr, condenou Manuela e Daniel Ruda por homicídio em conjunto.

Na avaliação do juiz, o casal sofre de distúrbios narcisistas de personalidade e forte anomalia mental. Por esses motivos, suas penas foram atenuadas; Manuela e Daniel cumprirão, respectivamente, 13 e 15 anos de prisão. O casal deverá primeiramente ser internado em uma clínica psiquiátrica, por "representar um perigo para a população". Caso eles não sejam curados, terão que cumprir toda a pena na psiquiatria.

Como parte de um ritual satânico, os criminosos confessos assassinaram Frank H. com golpes de martelo, punhal e machete no dia 6 de julho do ano passado, em Witten. A vítima de 33 anos era um colega de trabalho de Daniel numa loja de peças para automóveis em Datteln.

Segundo a argumentação da defesa, o casal não estava ciente de seus atos no momento do crime. Manuela e Daniel alegaram terem seus corpos tomados pelo diabo, que havia vindo para levar a alma de Frank H. Como missionários do diabo, eles agiram em seu nome, não podendo, por isso, ser acusados de assassinato.

Em nome do diabo –

No dia 6 do 6 de 1999, Manuela e Daniel se casaram e planejaram a execução de uma pessoa para o dia 6 do 6 de 2001, com 66 machetadas, punhaladas e golpes de martelo. Na data combinada, Daniel convidou um colega de trabalho para ir ao seu apartamento em Witten, onde foi friamente executado.

No lar dos endemoninhados, há muitas provas da morbidez do casal. No corredor, imitações de teias de aranha e de uma caveira, no quarto, uma máscara de um animal chifrudo com rosto humano, na parede da sala, um pentagrama desenhado com sangue apontando para um chifre de diabo.

Próximo a uma janela do apartamento, a polícia encontrou o corpo de Frank H., três dias após o assassinato. Na barriga da vítima estava desenhado um pentagrama, feito com um bisturi descartável. Ao lado, estavam as armas do crime. Os criminosos fugiram em seu carro, mas foram presos seis dias depois por um comando especial da polícia em Jena.

Amor satânico –

Daniel sempre foi um garoto estranho. Com problemas na escola, ele não freqüentou a universidade, mas fez um curso para vendedor de automóveis. Com 14 anos, o garoto problema teve uma visão: um homem vestido em negro, com dedos estranhos, que permitiam enxergar os seus ossos. O homem o teria chamado de Samiel e lhe garantido que, para sair desse vazio de sua vida, ele precisaria encontrar a outra metade de sua alma. A partir de então, de skinhead, Daniel virou neonazista e poucos anos depois, cansado desta "idiotice", desenhou uma cruz invertida em sua testa, começou a se cortar para beber o próprio sangue e se entregou de vez ao satanismo.

Desde os 15 anos, Manuela dizia a sua psicóloga que não pertencia a esse mundo. Um ano antes, a garota já tinha tentado se suicidar com uma overdose de cocaína. Logo depois do ginásio, começou a se envolver com bruxaria e exorcismo e dizia possuir dons das profundezas do inferno. Em 1999, ela se prontificou a lutar pelo "exército do diabo".

Manuela e Daniel se conheceram devido a um anúncio no jornal assinado pelo rapaz, que dizia: "Vampiro negro procura por princesa das trevas, que a todos e a tudo desdenha e que já desistiu da vida". Desde o primeiro encontro, os dois sentiram haver encontrado sua alma gêmea e que juntos seguiriam o destino determinado pelo diabo.