1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Espanha

Agências (sv)19 de outubro de 2008

Especialistas acreditam que a crise do sistema financeiro já esteja sendo pivô de situações inusitadas. Na Espanha, muitos casais, separados de fato, optam pela moradia comum por razões de ordem econômica.

https://p.dw.com/p/Fd6K
Continuar sob o mesmo teto para pouparFoto: picture-alliance/MAXPPP

"Tem se tornado extremamente difícil, para casais querendo se divorciar, consguir vender suas propriedades por um preço razoável. Além disso, a crise também tem feito com que fique mais difícil manter duas casas", conta Antonio Prada, um advogado de Madri. Resultado: casais que, na realidade, não têm mais nada a dizer um ao outro, acabam vivendo sob o mesmo teto, apontando para uma tendência que Prada chama de "novas formas da vida em comum".

O número de divórcios caiu vertiginosamente este ano na Espanha, depois do início da crise do setor imobiliário e dos tumultos da conjuntura, que atingiram seu ápice nas últimas semanas. A atual conjuntura pôs um fim abrupto na década de alto crescimento econômico no país, que caiu dos 3,8% no ano de 2007 para praticamente zero em 2008, com uma taxa de desemprego atingindo mais de 10%.

O governo espanhol planeja injetar mais de 150 bilhões de euros no sistema financeiro nacional, a fim de salvar os bancos. Se o plano falhar, é possível que se torne cada vez ainda mais difícil conseguir empréstimos para a compra de um imóvel. O que provavelmente poderá desencorajar ainda mais os candidatos ao divórcio.

Ajuda pela internet

Symbolbild Streit
Se a situação permite, muitos optam pela vida em comum após a separaçãoFoto: Bilderbox

"Casais em processo de separação poderão ter que passar o resto de suas vidas sob o mesmo teto. Ou seja, a crise econômica pode levar a uma preservação do matrimônio. Pelo menos nos casos em que os envolvidos ainda conseguem manter relações amistosas", especula o advogado Prada.

Já casais que não suportam mais a cara um do outro, tendem a optar pelo "divórcio via internet", feito com base em contratos padronizados, com o auxílio de escritórios de advocacia que cobram honorários baixos. No entanto, o barato pode, nesse caso, sair caro. "Divórcios com contratos feitos pela internet sempre causam problemas, pois não tratam de detalhes em relação à divisão de bens, custódia de filhos ou outras especificidades individuais", alerta Prada.

A legalização do divórcio na Espanha se deu no ano de 1981. Desde então, há uma média de 100 mil casais se divorciando por ano. Em 2005, o governo do premiê Jose Luis Rodrigues Zapatero simplificou ainda mais o procedimento legal do divórcio.

Filhos de volta

Studentenwohnheim
Alojamentos de estudantes a baixo custo: comuns na Alemanha, raros em outros paísesFoto: Bilderbox

Além do caso dos divórcios, a crise econômica na Espanha tem causado um outro fenômeno: a volta de filhos adultos para a casa dos pais. O crescente desemprego e as dificuldades em conseguir empréstimos para iniciar o próprio negócio têm feito com que adultos com mais de 30 anos de idade optem cada vez mais por voltar a viver com os pais.

Essa tendência já havia sido observada no ano de 2007, quando o número de adultos saindo da casa dos pais cresceu apenas 2,8%, ao contrário dos 5% registrados nos anos anteriores, diz Jose Luis Arroyo, do Conselho Espanhol Jovem.

"Na Espanha, em Portugal e na Itália, a família ainda exerce um papel importante, comparada ao norte e centro da Europa, onde os governos oferecem mais benefícios para os jovens que querem se tornar independentes de seus pais", comenta Arroyo ao diário espanhol El País.