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Capitã que salvou migrantes classifica Salvini de "racista"

6 de julho de 2019

A alemã Carola Rackete, que desafiou o governo da Itália ao aportar sem autorização um barco com 40 refugiados, diz que ministro do Interior populista de direita é um homem "perigoso".

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Carola Rackete, capitã alemã que chegou a ser presa por aportar barco com migrantes na Itália
"Não sou punk nem extremista", diz capitã alemã que chegou a ser presa por aportar barco com migrantes na ItáliaFoto: picture-alliance/dpa/Sea-Watch.org/T.M. Egen

"Faria tudo outra vez", disse a capitã alemã da ONG Sea Watch International, que desafiou as autoridades italianas ao levar à ilha de Lampedusa, sem permissão, um barco com cerca de 40 migrantes recolhidos em situação de perigo no Mar Mediterrâneo.

Em entrevista divulgada neste sábado (06/07) pelo jornal italiano La Repubblica, Carola Rackete defendeu suas ações, acrescentando que o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, é um homem "perigoso" e "racista".

O político populista de direita, um dos maiores responsáveis pela rígida política migratória adotada pelo governo da Itália, qualificou a capitã do navio Sea-Watch 3 como "pirata" e "fora da lei", além de chamá-la de uma "comunista alemã rica e mimada". As acusações levaram Rackete a entrar com umprocesso na Justiça contra Salvini por difamação.

"Preocupo-me com o tom que Matteo Salvini utiliza, através do qual expressa suas ideias que violam os direitos humanos. Ele é perigoso, mas todos na direita radical e nativista são assim, desde o [partido ultradireitista] inglês Ukip até a [legenda populista de direita] AfD na Alemanha", afirmou a capitã de 31 anos.

Ao ser indagada se convidaria Salvini para conhecer o Sea-Watch 3, disse que isso não seria possível, pois sua ONG tem "uma regra muito rígida de não permitir racistas a bordo".

O Sea-Watch 3 recolheu em 12 de junho os migrantes que haviam partido da costa da Líbia. Eles aguardaram por quase três semanas, enquanto o governo italiano se recusava a permitir o acesso da embarcação aos portos do país.

Em 29 de junho, Rackete acabaria conduzindo os migrantes ao porto de Lampedusa, violando ordens das autoridades para que não atracasse. Ela chegou a serpresa e posteriormente libertada, após uma juíza italiana concluir que não cometera nenhum ato de violência e estava "cumprindo seu dever de salvar vidas".

"Nessa mesma situação, certamente faria a mesma coisa outra vez, mas espero que, se um caso desses surgir, da próxima vez as autoridades italianas reajam bem mais cedo e evitem que algo assim aconteça", comentou.

Segundo Rackete, sua atitude foi necessária para gerar um desafio legal às leis anti-imigração italianas: "Às vezes são necessários atos de desobediência civil para fazer valer os direitos humanos e levar as leis injustas perante um juiz."

Ela admitiu ter cometido um "erro de julgamento", ao colidir com um barco da polícia aduaneira italiana, que tentava impedir que o Sea-Watch 3 aportasse, e atribuiu o erro à exaustão que sentia.

A alemã se define com uma "ambientalista empenhada, ateia e cidadã europeia" que viaja o mundo desde os 23 anos e "não se sente particularmente como uma alemã". Ela nega que seja radical. "Não sou punk nem extremista, venho da classe média alemã", afirmou, acrescentando que seu pai é um conservador que jamais aprovou seu trabalho de resgatar migrantes.

Rackete ainda responde a inquérito na Itália por desobedecer às leis de imigração do país, e deverá passar por novos interrogatórios na próxima semana.

RC/dpa/ots

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