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Caos e suspense em testagem de viajantes na Baviera

13 de agosto de 2020

Pelo menos 900 pessoas que voltaram para o estado no sul da Alemanha testaram positivo para covid-19 – mas dias após o teste, elas ainda não sabem disso, devido a problemas e atrasos na computação de dados.

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Voluntário coleta dados de viajante em estrada da Baviera
Voluntário coleta dados de viajante em estrada da Baviera: sistema enfrenta problemas para computar informaçõesFoto: picture-alliance/dpa/N. Armer

Problemas na computação de dados de testes de covid-19 na Baviera têm deixado 44 mil pessoas no escuro sobre seu estado de saúde. Todas são viajantes que retornaram ao estado no sul da Alemanha e se submeteram a testes em centros instalados em autoestradas e estações de trem. Pelo menos 900 pessoas testaram positivo – mas elas ainda não sabem disso, mesmo dias após terem sido submetidas voluntariamente aos exames.

A crise no sistema de testagem na Baviera ocorre justamente num momento em que a Alemanha enfrenta aumento no número de casos de covid-19, com mais 1.445 infecções registradas nas últimas 24 horas, em comparação com algumas poucas centenas computadas diariamente em junho e julho.

Segundo as autoridades bávaras, os atrasos para notificar os doentes se devem a problemas com a transferência de dados e ao grande número de pessoas que procuraram os centros de testagem. O sistema foi montado no final de julho e até o momento 85 mil pessoas se submeteram a testes em vários centros, em rodovias, estações de trem e aeroportos.

Os problemas se concentraram nos exames realizados nas estradas e estações. Segundo o jornal bávaro Süddeutsche Zeitung, vários viajantes que retornaram ao estado vinham reclamando que não tinham recebido o resultado dos testes mesmo dias depois de terem se submetido aos exames.

A secretária estadual da Saúde da Baviera, Melanie Huml, admitiu na quarta-feira que cerca de 44 mil pessoas ainda não haviam recebido seus resultados. O gargalo não teve como origem os laboratórios, mas a organização dos dados.

Até recentemente, os viajantes forneciam seus dados em formulários de papel, e as informações eram inseridas manualmente em tabelas de Excel, o que atrasou todo o processo. O serviço era desempenhado por voluntários de organizações como a Cruz Vermelha.

A secretária afirmou que o governo tentou solucionar o problema da falta de funcionários, mas que "o número de testes solicitados aumenta a cada dia". Agora, segundo o governo, empresas privadas foram contratadas para fazer a computação dos dados, que passará a ser inteiramente digital. Também foram criados turnos noturnos para recuperar o atraso.

Huml admitiu que não sabia do atraso crescente nas notificações até o problema explodir nesta semana. "Eu não estava ciente dessa dimensão antes", disse na quarta-feira. Ela afirmou esperar que todas as pessoas sejam notificadas até esta quinta-feira.

O caso também provocou ressentimento na Cruz Vermelha da Baviera (BRK), que forneceu mil voluntários para ajudar nos testes. Segundo o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, membros da BRK sentem que o governo bávaro transferiu sua responsabilidade pelos contratempos para a organização.

A entidade ainda rejeitou, em nota, as "alegações" que "sugerem que as organizações de ajuda são (parcialmente) culpadas pelo problema". A BRK ainda afirmou que o governo bávaro não havia fornecido ferramentas como softwares para computação rápida de dados.

O jornal Süddeutsche Zeitung classificou a situação na Baviera como um "desastre" e "fracasso". Políticos da oposição ao governo do conservador Markus Söder falaram em "desleixo" e "brincadeira com a saúde dos bávaros". Alguns pediram a demissão das autoridades de saúde do estado.

A crise também provocou constrangimento pessoal para Söder, que até a revelação dos atrasos vinha propagandeando o modelo bávaro como um exemplo a ser adotado por outros estados do país.

"Aqueles que têm a língua solta não deveriam se surpreender em passar vergonha em nível nacional", escreveu no Twitter Ralf Stegner, um deputado estadual social-democrata do estado de Schleswig-Holstein.

JPS/ots

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