Cansei de Ser Sexy

Para quem olha de fora, a história da banda é quase um conto de fadas da música alternativa. Os amigos, que em sua maioria não sabiam tocar muito bem seus instrumentos, ganharam notoriedade na cena independente brasileira. Em pouco mais de um ano, assinaram com a gravadora Sub Pop, a mesma que lançou o Nirvana. Assim o CSS caiu no mundo. Turnês, capas de revistas, programas de TV e shows com celebridades como Paris Hilton e Christina Aguilera na plateia.

Mas a vida na estrada é muito mais dura do que parece. Turnês intermináveis, meses sem voltar para casa e um empresário não experiente quase levaram a banda a um colapso nervoso. O resultado foi o segundo disco Donkey, alusão ao burro de carga. "É um disco mais sombrio. Eu não acho que é um disco triste. Donkey foi a saída que encontramos para todos aqueles conflitos", declarou a guitarrista Luiza Sá.

Apesar de ter dividido a opinião dos fãs e críticos, o disco não esfriou a carreira da banda, que é famosa pela suas divertidas e energéticas apresentações ao vivo. "Não somos grandes músicos, mas acho que o que falta de técnica, sobra em carisma e atitude – o que é uma coisa meio anos 80 de se falar. Somos uma banda para se ver ao vivo. Queremos fazer as pessoas felizes."

A libertação

O terceiro disco do CSS, La Liberación, abre um novo capítulo na história da banda. "Cada um dos discos reflete um momento de nossas vidas" disse Luiza. "O primeiro era uma festa inocente. Algo que nunca mais vai voltar. Donkey é um disco feito na estrada, sobre estar em turnê, com uma sonoridade mais de palco. Em La Liberación, estávamos em outra fase. Tivemos um ano de férias e um ano para gravar. Estávamos mais felizes, mais maduros e mais seguros", completa.


A sonoridade está mais madura na diversidade de sons e instrumentos usados no álbum. Mas o que o Cansei de Ser Sexy não tem medo de mostrar é que é uma banda pop. "Hoje em dia pop remete a uma música ruim e comercial. Queremos fazer um som para tocar no rádio, mas com uma estrutura pop que já existe desde os anos 50. Ao mesmo tempo usamos também muitos teclados, que vem de nossa influência eletrônica" disse Luiza.

Essa aproximação com o pop aconteceu naturalmente, e não foi uma tentativa de voltar à sonoridade do primeiro disco. "Não queremos fazer as coisas do mesmo jeito. Estar em São Paulo entre amigos ecoa um pouco o primeiro disco, só que estamos em outra fase" completa.

A latinidade está presente não só no nome do disco. Luiza declarou que o CSS é obcecado pela colombiana Shakira. "Tudo que é divertido, sexy e latino foi influência para esse disco." A banda gravou sua primeira música em espanhol, a homônima La Liberación, e usou guitarra espanhola em City Girl. Segundo Luiza não foi algo conceitual, simplesmente aconteceu. "Espanhol é uma língua cheia de paixão. Queríamos fazer um disco passional e adolescente. Esse é o tema do disco de certa maneira, quando você descobre que o mundo é cheio de possibilidades."

CSS do Brasil

A atitude espontânea e original é, de acordo com Luiza, um dos pontos que atraem tantos jovens aos shows da banda. "Acho que somos meio estranhos e mostramos que em algum momento eles também vão encontrar pessoas como eles. Recebemos vários e-mails de fãs que resolveram 'sair do armário' depois de ver o nosso show. Acho isso incrível."


O Brasil ainda é um território pouco explorado pela música do CSS. "O principal fator é que não cantamos em português. A música brasileira hoje é um fosso de saudade. Mesmo na cena mais alternativa é difícil, éramos muito criticados."

Apesar das dificuldades, a banda tocou no Brasil no começo deste ano e foi uma experiência incrível. "É diferente. É seu povo. Todos os lugares são diferentes, mas ter esse entendimento completo é uma outra viagem. Foi uma diversão." Uma turnê pelo Brasil está nos planos da banda para o ano que vem, mas ainda sem datas confirmadas.

O Cansei de Ser Sexy está em turnê pela Europa e deve passar por Munique, Colônia, Hamburgo e Berlim nas primeiras semanas de setembro. O disco La Liberación será lançado na próxima semana na Europa, Estados Unidos, Austrália e Japão. A data de lançamento no Brasil ainda não está definida.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Augusto Valente