Caminho do hexa pode ter Espanha ou Holanda já nas oitavas
6 de dezembro de 2013Cabeça de chave do Grupo A, por ser anfitriã, a seleção brasileira encontrará na primeira fase velhos conhecidos de Copas: Croácia, México e Camarões – adversários para os quais jamais perdeu em mundiais. Em tese o sorteio foi favorável ao Brasil. Das três seleções no grupo, México e Croácia precisaram da repescagem para garantir sua vaga. Sem mencionar o fato de que o time de Luiz Felipe Scolari poderia estar dividindo o grupo com Itália, França e Gana ou Inglaterra, Holanda e EUA.
Porém, o sorteio realizado nesta sexta-feira (06/12), na Costa do Sauípe (Bahia), também colocou logo um obstáculo respeitável para as oitavas de final: Espanha ou Holanda, finalistas do último Mundial. Por outro lado, caso a seleção brasileira se classifique em primeiro no Grupo A – e os prognósticos nos outros grupos se concretizarem – existe a possibilidade de enfrentar medalhões como Espanha e Argentina somente na final e a Alemanha só na semifinal.
O caminho para o hexacampeonato mundial do Brasil passa pelos seguintes obstáculos:
Croácia, a estreia ideal
A estreia em São Paulo no dia 12 de junho será contra a seleção da Croácia, repetindo assim a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Naquela oportunidade, o Brasil venceu por 1 a 0, gol marcado por Kaká. Famosa pela camisa xadrez em vermelho e branco, a Croácia chega apenas à sua quarta Copa do Mundo. Logo em seu primeiro Mundial, em 1998, surpreendeu o mundo conquistando a terceira colocação, com uma equipe liderada pelo craque Davor Suker. Mas os tempos mudaram e, nas edições de 2002 2006, não passou da primeira fase.
Com uma equipe bem mais modesta do que ao esquadrão de 1998, os croatas se classificaram através da repescagem europeia após terem tido sorte no sorteio. Empatou em 0 a 0 com a Islândia na partida de ida e venceu com tranquilidade, em Zagreb, por 2 a 0 a de volta. O craque do time, o atacante do Bayern de Munique Mario Mandzukic, expulso na vitória contra os islandeses, não jogará contra o Brasil, pois cumprirá suspensão automática.
Além de Mandzukic, vale a pena ficar de olho em outros três jogadores: o capitão Darijo Srna, titular em 2006; o atacante experiente, mas ainda muito veloz, Ivica Olic, que atua pelo Wolfsburg da Alemanha; e o meia habilidoso do Real Madrid Luka Modric. Figura ainda entre os reservas o brasileiro Eduardo, atacante com passagem pelo Arsenal da Inglaterra e hoje no Shakthar Donetsk da Ucrânia.
Nunca é vantajoso enfrentar uma seleção europeia logo na estreia. Notoriamente são equipes que possuem uma qualidade tática melhor desenvolvida do que seleções africanas e asiáticas. Por outro lado, entre as equipes europeias, a Croácia é a mais fraca – inclusive se comparada à Grécia e à Bósnia. No histórico entre Brasil e Croácia, foram apenas duas partidas, sendo uma vitória brasileira e um empate.
Confrontos em Copas do Mundo:
Brasil 1 a 0 Croácia – 13.06.2006 – Berlim, Alemanha
Gol: Kaká aos 44 minutos do primeiro tempo
México, a eterna pedra no sapato
A segunda partida será no dia 17 de junho em Fortaleza contra o México, que curiosamente também estava no grupo brasileiro na Copa de 1950. Na ocasião, foi o adversário de estreia do Brasil e foi derrotado por 4 a 0. A seleção mexicana também esteve no grupo brasileiro na Copa das Confederações de 2013: 2 a 0 para o Brasil.
Com fama de ser pedra no sapato do Brasil, quando se trata de jogos importantes e decisivos, o México ostenta vitórias importantes. Além do título olímpico em Londres, em 2012, os mexicanos derrotaram o Brasil na final da Copa das Confederações de 1999 e na final da Copa Ouro de 1996. Para esta Copa do Mundo, vem mais forte do que o que foi visto nas Eliminatórias.
Em sua 15ª Copa, o México já enfrentou o Brasil em outras duas oportunidades, sempre com derrota: 5 a 0 em 1954 e 2 a 0 em 1962. As melhores campanhas mexicanas, porém, foram nos dois mundiais que sediou: 1970 e 1986, quando alcançou as quartas de final. As maiores esperanças para repetir tal façanha estão nos pés de "Chicharito" Hernández, atacante do Manchester United; nos experientes Andrés Guardado e Gerrardo Torrado; e na eterna promessa Giovani dos Santos.
Apesar da classificação no sufoco para a Copa do Mundo, o México é forte candidato para a segunda colocação no Grupo A. No histórico de confrontos com o Brasil, foram 38 jogos, com 22 vitórias brasileiras, seis empates e dez vitórias mexicanas.
Confrontos em Copas do Mundo:
Copa do Mundo 1950: Brasil 4 a 0 México – 24.06.1950 – Rio de Janeiro
Gols: Ademir aos 30 minutos do primeiro tempo e Jair aos 20, Baltazar aos 26 e Ademir aos 34 minutos do segundo tempo
Copa do Mundo 1954: Brasil 5 a 0 México – 26.06.1954 – Genêva, Suíça
Gols: Baltazar aos 23, Didi aos 30, Pinga aos 34 e aos 43 minutos do primeiro tempo e Julinho aos 24 minutos do segundo tempo
Copa do Mundo 1962: Brasil 2 a 0 México – 30.05.1962 – Viña del Mar, Chile
Gols: Zagallo aos 11 e Pelé aos 28 minutos do segundo tempo
Leões nem tão indomáveis
O Brasil completa a primeira fase no dia 23 de junho em Brasília, contra outro velho conhecido em grupos em mundiais: Camarões. Em 1994, nos Estados Unidos, o Brasil derrotou os africanos por 3 a 0, com gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto. A melhor participação camaronesa foi na Itália, em 1990. Depois de derrotar Argentina e Colômbia, foram eliminados pela Inglaterra nas quartas de final. De lá para cá, nunca mais Camarões conseguiu passar da fase de grupos.
Provavelmente o jogador de maior renome que será adversário do Brasil na fase de grupos está na seleção camaronesa. Samuel Eto'o, atacante do Chelsea da Inglaterra e maior artilheiro da seleção de Camarões, comandará os Leões Indomáveis em sua sétima Copa do Mundo. Outros destaques são o volante Alexandre Song, do Barcelona, e o atacante Pierre Webó, do Fenerbahçe da Turquia.
No histórico de confrontos com o Brasil, são computadas quatro partidas, com três vitórias brasileiras e uma camaronesa.
Confrontos em Copas do Mundo:
Copa do Mundo 1994: Brasil 3 a 0 Camarões – 24.06.1994 – San Francisco, Estados Unidos
Gols: Romário aos 39 minutos do primeiro tempo, Márcio Santos aos 21 e Bebeto aos 28 minutos do segundo tempo.
Segundo passo
Se o grupo brasileiro é tranquilo, o caminho até a final promete ser bastante complicado. O Brasil enfrentará uma equipe do Grupo B – Espanha, Holanda, Chile e Austrália – nas oitavas de final. Ou seja, as chances de um dos finalistas da última Copa cruzar com o Brasil é grande. Caso passe das oitavas, as quartas de final prometem ter um duelo entre campeões mundiais, já que enfrentará equipes dos Grupos C (Colômbia, Costa do Marfim, Japão, Grécia) ou D (Uruguai, Itália, Inglaterra e Costa Rica). E, na semifinal, seguindo a lógica, o adversário mais provável seria a Alemanha.
As chaves e confrontos:
Grupo A: Brasil, Croácia, México e Camarões
Grupo B: Espanha, Holanda, Chile e Austrália
Grupo C: Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão
Grupo D: Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália
Grupo E: Suíça, Equador, França e Honduras
Grupo F: Argentina, Bósnia, Irã e Nigéria
Grupo G: Alemanha, Portugal, Gana e USA
Grupo H: Bélgica, Argélia, Rússia e Coréia do Sul
Oitavas de final:
Parte de cima da tabela:
A1 vs. B2
C1 vs. D2
E1 vs. F2
G1 vs. H2
Parte de baixo da tabela:
B1 vs. A2
D1 vs. C2
F1 vs. E2
H1 vs. G2
Alemanha, EUA e Inglaterra x logística
O sorteio definiu não só a configuração dos oito grupos do Mundial de 2014, como também determinou em quais datas e estádios – e consequentemente sob quais condições climáticas e de traslado – as 32 seleções classificadas iniciarão a saga da 20ª Copa do Mundo. Para muitos dirigentes e técnicos, era mais importante jogar em cidades de clima ameno do que fugir de um suposto grupo da morte.
O caso de maior repercussão, e com final tragicômico, foi o do treinador inglês Roy Hodgson. Ele, que havia declarado que preferia jogar no Grupo da Morte do que ter que viajar até Manaus e enfrentar o calor amazonense, não só caiu no Grupo da Morte com Uruguai, Itália e Costa Rica, como vai estrear contra os italianos justamente em Manaus. Pela primeira vez na história das Copas, três campeões mundiais ocupam o mesmo grupo. E uma coisa é certa: um vai ficar pelo caminho.
A Copa preocupa bastante as equipes técnicas das seleções nos quesitos de logística, recuperação física dos jogadores e desgaste com as mudanças climáticas bruscas entre as sedes. Pior para os EUA, que jogará em Natal, Manaus e Recife e viajará 5,5 mil km.
Quem também não teve tanta sorte foi a Alemanha. Como cabeçaa de chave do Grupo G, não precisará viajar tanto, mas sofrerá no sol nordestino: Salvador, Fortaleza e Recife. Sem mencionar que o grupo já é complicado o suficiente com Portugal de Cristiano Ronaldo; EUA dirigido pelo ex-craque alemão Jürgen Klinsmann e Gana, que repetirá o duelo de irmãos de 2010, com Jèrôme Boateng pelo lado alemão e Kevin-Prince Boateng pelo lado ganês.
Quem se deu bem nessa matemática das distâncias foi a Bélgica. Com seus jogos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, os Diabos Vermelhos não só têm tudo para se classificar em primeiro no grupo, como precisarão percorrer somente 700 km.