Escândalo de grampos
20 de julho de 2011O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou nesta quarta-feira (20/07) ao Parlamento em Londres que está disposto a pedir desculpas pela contratação do jornalista Andy Coulson como seu assessor de imprensa caso o ex-editor do semanário News of the World seja condenado por envolvimento no escândalo das escutas telefônicas.
"Eu tenho uma visão à moda antiga de que se é inocente até prova em contrário", argumentou Cameron no Parlamento britânico, numa sessão extraordinária sobre o chamado escândalo dos grampos. Mas "se ficar provado que mentiram para mim, esse seria o momento para um profundo pedido de desculpas. E, nesse caso, prometo que não decepcionarei", afirmou.
Cameron lamentou a contratação de Coulson e disse sentir muito pelo "furor" que ela causou. "Olhando para trás, não teria oferecido o emprego a ele e esperaria que ele não o tivesse aceitado. Mas não se tomam decisões com base no passado, tomam-se no presente e vive-se e aprende-se e, acreditem, eu aprendi", afirmou.
"Foi minha decisão e assumo a responsabilidade por ela”, acrescentou o premiê. Coulson foi detido e interrogado há uma semana e meia pela polícia sob suspeitas de envolvimento nas escutas telefônicas e também de corrupção da polícia.
Cameron está sendo duramente criticado porque se avalia que seu ex-assessor conhecia as práticas de escutas ilegais e pagamento de propina a policiais durante o tempo em que trabalhou para o News of the World.
O primeiro-ministro reconheceu ainda que o escândalo em torno do império midiático do magnata Rupert Murdoch "prejudicou gravemente a confiança da opinião pública na polícia e na imprensa". Ele disse que a comissão que investigará o caso deverá ocupar-se não somente de jornais, mas também de canais de televisão e redes sociais.
O líder da oposição, o trabalhista Ed Miliband, lamentou a oportunidade perdida com uma "meia desculpa" e reiterou a necessidade de um pedido de desculpas "inteiro". Para ele, a contratação de Coulson foi um "catastrófico" erro de avaliação. "Isto não tem nada a ver com o fato de Coulson ter mentido [para Cameron] ou não, tem a ver com toda a informação que o primeiro-ministro ignorou", justificou.
AS/lusa/dpa/rtr/afp
Revisão: Carlos Albuquerque