Cada vez mais estrangeiros com passaporte alemão
24 de junho de 2005De acordo com o relatório bienal de imigração, divulgado em junho de 2005, o índice de estrangeiros na população da Alemanha é de apenas 8% (e não 8,9%, como fora registrado anteriormente). Isso corresponde a 618 mil estrangeiros menos que o número divulgado no relatório anterior.
Esta alteração se deve a uma correção do registro central de estrangeiros, segundo o qual aumentaram os casos de naturalização, enquanto a imigração diminuiu.
Nos últimos cinco anos, mais de 800 mil estrangeiros adquiriram a cidadania alemã. Além disso, 200 mil crianças com pais estrangeiros obtiveram o passaporte alemão ao nascer.
25% dos nascimentos de casais binacionais
O número de descendentes de imigrantes ou pessoas com ascendência alemã imigradas sobretudo do Leste Europeu aumentou para 14 milhões, o que corresponde a um quinto da população. Uma a cada quatro crianças recém-nascidas tem mãe ou pai estrangeiro. Vinte e cinco por cento dos casamentos são binacionais.
Nas maiores cidades do oeste da Alemanha, 40% dos jovens provêm de famílias de imigrantes. Esta tendência tem grande impacto sobre a sociedade. Isso significa que a diversidade cultural e religiosa vai caracterizar cada vez mais a sociedade alemã, de geração em geração.
Segundo Marie-Luise Beck (Partido Verde), encarregada de migração do governo Schröder, "em nenhum outro país industrializado, a interdependência entre origem social e oportunidades de êxito profissional é tão grande quanto na Alemanha". Isso atinge especialmente os filhos de imigrantes, cuja situação pode ser considerada dramática.
Dobro de desempregados entre estrangeiros
Entre os alemães, um a cada quatro jovens finaliza a escola com Abitur, o certificado que permite o ingresso na universidade. Entre os filhos de migrantes, apenas um a cada dez jovens obtém este certificado de 2º grau.
A principal razão disso é o conhecimento deficitário da língua alemã. O incentivo ao aprendizado de língua na pré-escola e a orientação escolar em tempo integral poderiam alterar este quadro. O ano de 2004 marcou um recorde do índice de desemprego entre estrangeiros, duas vezes maior do que o registrado entre os alemães. Por outro lado, o estudo indica que o contingente de estrangeiros na Alemanha está distribuído por todas as classes sociais.
Guetos e sociedades paralelas
As autoridades não dispõem de dados suficientes sobre o surgimento de sociedades paralelas e guetos nas grandes cidades alemãs. Marie-Luise Beck explica que a dificuldade de fazer afirmações precisas sobre este fenômeno se deve à heterogeneidade dos problemas sociais nas áreas urbanas.
Um exemplo seria um bairro de Bremen, onde vivem 40% de imigrantes de ascendência alemã vindos sobretudo do Leste Europeu, 30% de beneficiários da ajuda social, 30% de outros migrantes, além de um alto número de desempregados.
Com o programa "Cidade Social", lançado em 1999, o governo social-democrata e verde tentou melhorar a situação nos bairros com alta concentração de estrangeiros. No entanto, é grande a resistência por parte dos migrantes. Outra coisa importante seria combater a discriminação no mercado de trabalho. Até agora não existe nenhuma estratégia de como lidar com esta nova estrutura populacional nas cidades grandes.
Imigração em números
Resumindo os principais dados do relatório bienal de migração, divulgado pelo governo alemão em junho de 2005:
- Na Alemanha vivem 6,7 milhões de estrangeiros (em 2003, eram 7,3 milhões).
- Desde que a nova lei de cidadania entrou em vigor, em 2000, mais de um milhão de estrangeiros obtiveram passaporte alemão. O número de alemães naturalizados é de 1,8 milhões.
- Na Alemanha vivem 14 milhões de pessoas com ascendência ou trajetória de imigrantes. Isso inclui 4,5 milhões de imigrantes de ascendência alemã vindos do Leste europeu e 1,5 milhão de filhos de casais em que pelo menos uma das partes seja estrangeira.