Busca incessante por sobreviventes une o México
21 de setembro de 2017É uma corrida dramática contra o tempo – e repleta de solidariedade. Milhares de voluntários estão ajudando as equipes de resgate nas buscas por possíveis sobreviventes em meio a escombros de edifícios derrubados pelo terremoto que atingiu o México na terça-feira (19/09). Em especial, o destino de várias crianças soterradas numa escola primária comoveu o país.
Após o devastador tremor, a Cidade do México e outras localidades no centro do país latino-americano estão em ruínas. O número de mortos chegou a 273, e há mais de 100 desaparecidos, informaram as autoridades nesta quinta-feira (21/09).
Segundo o Ministério do Interior do país, quase metade das mortes – 137 pessoas – foi na Cidade do México. A capital mexicana registrou também o desabamento de quase 50 edifícios. Mais de 500 casas sofreram danos estruturais graves e não estão mais habitáveis.
Equipados com máscaras, capacetes de ciclista, picaretas e pás, milhares de voluntários ajudam a remover montanhas de entulho e detritos e fornecem água e comida aos sem-teto. Com luzes de lanternas e faróis, eles também buscam por possíveis sobreviventes entre os escombros de edifícios desabados.
Em todas as localidades afetadas, também fora da área metropolitana, foram formadas cadeias humanas para remover pedras. Mãos e placas eram constantemente levantadas pedindo por silêncio, na esperança de ouvir possíveis pedidos por socorro. Em frente ao que sobrou de um edifício desmoronado na capital mexicana, uma mulher com um megafone berrava mensagens encorajadoras para o irmão soterrado.
"A força, a determinação e a solidariedade dos mexicanos neste desastre nos tornarão mais fortes", elogiou o presidente Enrique Peña Nieto.
De acordo com dados de serviços de resgate, pessoas soterradas podem ser resgatadas vivas em até três dias após o desastre. "Isso depende do clima e da estrutura dos detritos, das cavidades nas quais ainda vivem", disse Daniela Lesmann, diretora da organização de resgate Isar, à agência alemã de notícias DPA. "Sem comer, pode-se sobreviver alguns dias. Mas sem água, torna-se muito difícil depois de 72 horas, dependendo do clima."
Os esforços de resgate foram dramáticos numa escola primária na Cidade do México. A instituição de ensino Enrique Rébsamen se tornou símbolo da procura pelos soterrados – 30 horas depois do terremoto ainda seguem os trabalhos de buscas. Também houve indícios de que uma garota de 12 anos ainda estaria viva. Até o momento, 11 crianças foram resgatadas com vida.
"Sabemos de uma garota que está viva. E ela nos disse que há outras crianças vivas, mas não sabemos quantas. Queremos tratar a informação com muita cautela", disse o almirante José Luis Vergara, acrescentando que os socorristas estavam "muito perto" de resgatar uma menina chamada Frida Sofía.
Mais tarde nesta quinta-feira, a Marinha mexicana, por outro lado, informou que não há mais crianças sob os escombros da escola, apenas indícios de um adulto ainda vivo, provavelmente um funcionário da instituição, por isso as buscas seguem no local.
"Fizemos contato com a direção da escola e temos certeza que todas as crianças ou infelizmente morreram ou foram resgatadas e estão nos hospitais ou a salvo em suas casas", disse Ángel Enrique Sarmiento, subsecretário da Marinha. Ele informou que 19 crianças e seis adultos morreram no local, incluindo uma mulher cujo corpo foi encontrado nesta quinta-feira.
Sarmiento ainda rejeitou a existência de uma menina chamada Frida Sofía sob os escombros e disse que esse nome nunca foi mencionado pelas autoridades. "Queremos deixar claro que nunca tivemos conhecimento da versão sobre uma menina com esse nome e estamos certos de que não foi uma realidade."
Cerca de 14 milhões de estudantes estão sem aulas no país devido a avaliações técnicas sobre possíveis danos nas estruturas das escolas. Duas prisões foram evacuadas no estado de Puebla, e os prisioneiros transferidos. O aeroporto internacional suspendeu todas as operações, mais de 180 voos foram cancelados.
A tragédia ocorreu exatamente 32 anos depois do devastador terremoto de 19 de setembro de 1985, que causou a morte de 10 mil pessoas. O tremor de terça-feira atingiu a magnitude 7,1 na escala Richter e seu epicentro foi registrado cerca de 130 quilômetros a sudeste da Cidade do México, em Axochiapan.
Além da capital do país, os estados de Morelos e Puebla foram bastante afetados. Em Puebla, uma igreja do século 17 desmoronou em Atzala. Segundo a mídia local, um batismo foi iniciado às 13h, e quando a terra começou a tremer, às 13h14, o telhado da igreja desabou. Onze pessoas morreram, entre elas a menina que deveria ser batizada.
Muitos dos edifícios danificados ou que desabaram na Cidade do México foram construídos antes do terremoto de 1985 e não cumpriam os padrões de construção mais rigorosos instituídos posteriormente. O México está localizado no Círculo de Fogo do Pacífico, uma zona suscetível a sismos ao longo das costas do Oceano Pacífico, onde as diversas placas tectônicas constantemente se movem e entram em atrito.
PV/efe/dpa/afp/rtr