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Burocracia pode ser simpática

rw1 de fevereiro de 2003

Na difícil tarefa de escolher o departamento de estrangeiros mais simpático, os organizadores temiam não o excesso, mas a falta de candidatos. Acabaram surpreendidos e tiveram de premiar logo três cidades.

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Wismar, um das cidades premiadasFoto: AP

A fama de antipatia e xenofobia dos alemães espalhada pelo mundo começou a preocupar uma fundação que concede bolsas de pesquisa para cientistas. Dificilmente algum estrangeiro na Alemanha não passou por alguma má experiência no contato com repartições públicas. Não só por serem antiquadas e os serviços só agora começarem a se desburocratizar, mas também pela dificuldade no relacionamento com os funcionários por trás do balcão.

Os baixos índices de natalidade obrigam o país a buscar no exterior não só a mão-de-obra, seja qualificada ou não, mas também a elite intelectual. Afinal, é preciso garantir a liderança da Alemanha na tecnologia de ponta e o selo de qualidade made in Germany. Não bastasse o obstáculo do idioma (os países de língua inglesa têm aí um grande trunfo), eventuais candidatos estrangeiros a universidades e empresas sentem-se intimidados já pelo atendimento nos departamentos de estrangeiros, ao encaminharem o pedido de visto de permanência, o primeiro passo para entrarem no país.

Embora os centros de pesquisa do país gozem de renome internacional, muitos hesitam em vir para a Alemanha por causa de sua fama de aversão a estrangeiros. Preocupada com isso, a Fundação Alexander von Humboldt resolveu instituir um prêmio de simpatia a departamentos de estrangeiros.

Antipatia, demora e leis complicadas

O ceticismo inicial durou pouco, conta o professor Wolfgang Frühwald, presidente da fundação: "Com base nas experiências negativas que nos chegam, até tivemos medo de que só encontraríamos maus exemplos. Os funcionários são considerados antipáticos, os trâmites muito demorados e poucos burocratas conseguem destrinchar a complicada legislação sobre estrangeiros."

Quase 200 universitários e pesquisadores estrangeiros deram sua opinião, diversas escolas superiores enviaram pareceres e os 60 departamentos de estrangeiros nomeados foram convocados a explicar o que fariam se ganhassem o prêmio. Por fim, o júri tomou sua decisão após visitas anônimas às repartições.

Dakhina Mitra, natural da Índia, deu seu voto a Freiburg, no sudoeste da Alemanha. "Eles facilitaram os trâmites ao enviaram uma carta ao consulado alemão na Índia. Quando cheguei aqui, não falava uma palavra em alemão, mas eles foram pacientes, me explicaram tudo e resolveram meus problemas sem demora."

A grande participação e as sugestões apresentadas levaram os organizadores a prometerem pelo menos mais duas edições do concurso. "Os exemplos positivos mostram que existe a consciência de hospitalidade em alguns locais e isso deve contagiar outras repartições", espera Wolfgang Frühwald.

As premiadas foram Wismar, localizada na costa norte, no leste alemão, Freiburg, na Floresta Negra, e Erlangen, na Baviera. Cada seção receberá 25 mil euros, que prometeu aplicar em material informativo em vários idiomas, modernização das salas de espera, cursos de idiomas ou na qualificação dos funcionários.