Brumadinho, um ano depois da tragédia
Um ano após o desastre, as consequências da calamidade ainda são visíveis na região.
Buscas na lama
Um ano após o desastre causado pelo rompimento da barragem B1 na mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, as buscas por onze vítimas prosseguem. Das 259 identificadas, 123 eram empregadas diretas, 117 eram terceirizadas e 19 eram moradores da região. O acesso à chamada "zona quente" está vetado a jornalistas, sob alegação de que há riscos durante a temporada de chuvas.
Rejeitos removidos
Dos 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos armazenados na barragem B1, 10 milhões escorreram ao longo de 10 quilômetros após o colapso. Após passar por vistoria dos bombeiros, que buscam partes de corpos, os rejeitos voltam a ser de responsabilidade da Vale, que recebeu autorização para armazenar o material na cava da mina Córrego do Feijão.
Contenção dos danos
Apesar das estruturas de contenção, como a estação no Ribeirão Ferro-Carvão (foto), rejeitos continuaram escorrendo até o Rio Paraopeba. Andressa de Oliveira Lanchotti, promotora do Ministério Público, informou que 330 mil metros cúbicos de rejeitos podem ter vazado, e que novas obras devem conter o vazamento no período chuvoso.
Rio Paraopeba
A Fundação SOS Mata Atlântica fez uma nova avaliação sobre a qualidade da água nas bacias dos rios Paraopeba e Alto São Francisco. A conclusão, após análise do material coletado em 21 pontos ao longo de 356 quilômetros do Paraopeba, é que a água continua imprópria por toda a extensão percorrida, com presença elevada de metais como ferro, manganês e cobre.
Bairro fantasma
Eurico Gonçalves, 72 anos, viúvo, é um dos poucos que ficaram após a tragédia no bairro Parque da Cachoeira, zona rural de Brumadinho. Morador no local desde 2004, ele não teve sua casa diretamente atingida. “Se eu pudesse, venderia meu sítio também e iria embora. Não temos mais alegria, e a terra desvalorizou demais”, diz. Ele pede reparação à Vale na Justiça.
Atendimento aos desabrigados
Atualmente, 100 famílias desabrigadas vivem em casas alugadas pela mineradora. A Vale repassou R$ 2,8 bilhões em indenizações até agora, incluindo os 106 mil salários a moradores de Brumadinho, como ajuda emergencial. No terceiro trimestre de 2019, a mineradora teve um lucro líquido de R$ 6,5 bilhões.
Planejamento das operações
O planejamento das ações em Brumadinho acontece também na sede dos bombeiros em Belo Horizonte. Segundo o tenente Constantino (foto), as equipes vistoriaram 95% da área atingida, equivalente a sete quilômetros quadrados, a uma profundidade de três metros. Das 270 vítimas, duas eram mulheres grávidas.
Protesto e justiça
Cartazes e mensagens em muros deixados em vários locais da cidade pedem justiça e a condenação da Vale. Andre Rhouglas (foto), morador de Ponte Nova, município atingido pelo desastre da Samarco, em Mariana, em 2015, viajou a Brumadinho para protestar. Um amigo dele está entre as vítimas que ainda não foram encontradas sob os rejeitos da B1.
Um ano após o desastre causado pelo rompimento da barragem B1 na mina Córrego do Feijão, da Vale as buscas por onze vítimas prosseguem. As consequências da calamidade ainda são visíveis na região.