Brasil vence último amistoso antes do Mundial, mas ouve vaias
6 de junho de 2014Os paulistas são tidos como os torcedores mais impacientes com a Seleção – e não raro a vaiam, sem cerimônia. Foi assim, por exemplo, no empate com a Suíça na Copa de 1950 e no amistoso contra África do Sul em 2012, quando Neymar deixou o campo ouvindo o coro de "pipoqueiro". Nesta sexta-feira (06/06), na vitória de 1 a 0 sobre a Sérvia no Morumbi, não foi diferente.
A seis dias da estreia na Copa, na mesma São Paulo que será palco da partida contra a Croácia no dia 12, o time de Luiz Felipe Scolari foi apático, sem criatividade e desencontrado. Como resultado, ouviu vaias das arquibancadas, sobretudo ao fim do primeiro tempo.
Durante a preparação para o Mundial, Felipão disse com frequência que a torcida seria o 12º jogador. Mas nesta sexta-feira, nenhum de seus outros 11 estiveram num bom dia, e a tão pedida "harmonia entre campo e arquibancada" não aconteceu. Aplausos, a Seleção só ouviu ao fim do jogo – e mesmo assim tímidos.
Mesmo Neymar não conseguiu criar, e durante os 80 minutos em que ficou em campo não escondeu sua irritação. O gol da magra vitória saiu no único lampejo de bom futebol do dia, em jogada individual, misto de raça e técnica, do igualmente apagado Fred, aos 13 minutos do segundo tempo.
O jogo
Quarenta e três minutos do primeiro tempo: a torcida dá sinais de impaciência. Após um chute para o alto, Thiago Silva e David Luiz correm para fazer o corte, trombam e deixam a bola livre para o atacante sérvio.
O chute nas arquibancadas de Daniel Alves, a omissão de Fred e a clara irritação de Neymar ilustrariam bem a atuação da Seleção no primeiro tempo. Mas nenhum lance exemplifica melhor os desencontros do time de Felipão como o proporcionado pela dupla de zaga.
Nos 45 minutos iniciais, o Brasil não conseguiu furar o bloqueio sérvio e não assustou o goleiro Stojkovic uma única vez. Pelo contrário: foram da Sérvia as melhores chances. A mais clara delas aos 30 minutos, quando Kolarov entrou sozinho pela esquerda e só não marcou porque foi parado por Júlio César, já dentro da pequena área.
A seleção foi para o intervalo sob vaias. E voltou com uma mudança: Willian no lugar do inoperante Oscar. O gol não demorou a sair. Aos 13 minutos, Fred recebeu lançamento longo de Thiago Silva, dominou no peito entre dois zagueiros e, mesmo caído, completou para o gol.
Foi o suficiente para deixar a torcida um pouco menos impaciente no Morumbi, mas não para mudar o panorama do jogo. Mesmo com uma série de substituições, a Seleção continuou sem volume de jogo.
A única boa chance foi aos 28 minutos, quando Hulk, sozinho, tocou na saída do goleiro. O gol, porém, foi mal anulado por impedimento. A Sérvia ainda acertou a trave de Júlio César, após forte cabeçada de Tosic.
Após uma de suas piores atuações com a camisa da Seleção, Neymar deixou o campo a dez minutos do fim. Não recebeu aplausos dos torcedores, mas passou longe das vaias e gritos de "pipoqueiro" que recebeu no amistoso de 2012, no mesmo Morumbi. No apito final, alguns torcedores chegaram a aplaudir a Seleção. Faltam seis dias para a Copa – e eles sabem disso.
Ficha técnica
Brasil 1 x 0 Sérvia
Estádio: Morumbi
Gols: Fred (13'/2T)
Cartões amarelos: Petrovic (14'/1T), Matic (40'/1T)
Arbitragem: Enrique Cáceres (Paraguai), auxiliado pelos compatriotas Dario Gaona e Milciades Saldivar.
Brasil: Júlio César; Daniel Alves (Maicon 26'/2T), Thiago Silva, David Luiz e Marcelo (Maxwell 29'/2T); Luiz Gustavo, Paulinho (Fernandinho 20'/2T) e Oscar (Willian 1'/2T); Neymar (Bernard 35'/2T), Hulk e Fred (Jô 30'/2T). Técnico: Luiz Felipe Scolari
Sérvia: Stojkovic; Basta (Vulicevic 42'/2T), Ivanovic, Trosic, e Kolarov; Matic, Petrovic (Mrda 40'/2T) e Jojic; Markovic (Gudelj 36'/2T), Mitrovic (Dordevic 37'/2T) e Tadic (Tosic 25'/2T). Técnico: Ljubinko Drulovic