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Brasil quer quadruplicar exportação de sofware

Geraldo Hoffmann10 de março de 2005

Projeto setorial integrado que levou oito empresas à CeBIT 2005 divulga Brasil como produtor de software de qualidade. Participantes da feira de informática em Hannover apostam em parcerias com empresas européias.

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José Antonioni coordena a delegação brasileira na feira

O Brasil tem um mercado de tecnologia da informação avaliado em US$ 10 bilhões em 2004, mas só exporta pouco mais de US$ 500 milhões em software e serviços por ano. Essa realidade deve mudar, nos próximos anos, se vingar o projeto que levou oito empresas do setor à CeBIT 2005, de 10 a 16 de março em Hannover.

O primeiro passo será aumentar novamente a presença brasileira na feira, que no ano passado ainda foi de 17 expositores. A partir deste ano, a participação na CeBIT, antes coordenada pela Hannover Fairs, faz parte do projeto setorial integrado de promoção do software brasileiro no mercado internacional. "Em 2006, queremos trazer, no mínimo, 20 expositores", disse à DW-WORLD o diretor-presidente da Softsul, José Antônio Antonioni, que junto com a Apex coordena a delegação brasileira em Hannover.

Através do projeto Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação, o governo quer viabilizar exportações no valor de US$ 2 bilhões até 2007. É uma meta ambiciosa para o Brasil, mas o número não impressiona, se levado em conta que o mercado mundial de software movimenta US$ 700 bilhões por ano.

"Falta o empresariado acordar"

Segundo Antonioni, o Brasil ainda não é internacionalmente reconhecido como produtor de software de qualidade. Além disso, o enorme mercado nacional gera uma certa acomodação dos executivos, uma vez que exige bem menos investimentos do que apostar no mercado internacional.

Calcula-se que no setor brasileiro de TI atuem cerca de 10 mil empresas, das quais aproximadamente 100 já estão engajadas em negócios internacionais. Nos próximos dois anos, o governo pretende investir US$ 8 milhões de dólares em melhoria de qualidade, medidas de marketing e promoção comercial do software verde-amarelo no exterior, disse Antonioni.

"Isso tudo tem deixado o setor muito animado", afirma o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), Jorge Sukarie Neto. "As coisas não estão acontecendo necessariamente na velocidade que gostaríamos, já que o governo trabalha em um ritmo diferente e tem uma agenda muito mais ampla. Mas essas mudanças mostram sem dúvida que as coisas estão de fato sendo feitas", acrescentou. "Falta o empresariado acordar e o governo ajudar ainda mais", argumentou o presidente da Digistar, Oldemar Plantinkow Brahm.

Digistar - Brasilien CeBIT 2005
Oldemar Plantinkow Brahm, presidente da Digistar

Contato com o mundo

A decisão do governo de apoiar as empresas na CeBIT 2005 só foi tomada em meados de janeiro deste ano, o que explica a fraca participação do país no evento. Os empresários brasileiros que estão em Hannover, no entanto, estão otimistas. "Aqui se entra em contato não só com o mercado alemão e, sim, com o mundo", assegura Brahm.

E esse contato parece ser mais do que necessário. "O Brasil ficou muito tempo fechado no setor de TI", afirma o diretor de negócios internacionais da Noordtek, Paulo Tadeu de Araújo. "A CeBIT serve para criar na cabeça dos estrangeiros espaço para reconhecer o Brasil como produtor de software de excelência", garante Antônio Valença, diretor de vendas da Noodtek, que agrega o know-how de quase 50 empresas na produção de software.

Noordtek Brasilien - CeBIT 2005
Antonio Valença, diretor de vendas da Noordtek

A maioria dos expositores espera, pelos menos, estabelecer novos contatos com empresas da União Européia. A Itautec Philco, por exemplo, que participa pela terceira vez da CeBIT, vai um passo adiante. "A fase de mostrar que somos fortes na automação bancária já passou. Agora, além de fortalecer as parcerias já existentes, queremos ampliar as vendas para a Europa", explica o gerente a área de suporte e automações, Sérgio Luís Soeiro.

Itautec - Brasilien CeBIT 2005
Estande da Itautec
Antonioni, da Softsul, não quis fazer qualquer previsão dos negócios que os brasileiros esperam fechar em Hannover. Segundo informações da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), o volume de negócios realizados pelos brasileiros na feira em 2004 chegou a US$ 190 mil e estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham circulado pelos estandes brasileiros.