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Brasil está fora de cúpula na Suíça pela paz na Ucrânia

11 de junho de 2024

Presidente Lula, que estará na Europa no início do evento, argumenta que conferência para debater paz na Ucrânia só faz sentido se Rússia for convidada.

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Vladimir Putin e Lula
Lula falou por telefone com Putin e voltou a defender a participação da Rússia nas negociações de pazFoto: Tatyana Barybina/TASS/picture alliance | Peter Dejong/AP/picture alliance

A Suíça vai receber entre os dias 15 e 16 de junho uma cúpula de paz que pretende angariar apoio internacional ao fim do conflito na Ucrânia.  O objetivo da cúpula, solicitada pelo governo ucraniano, é "inspirar um futuro processo de paz", mas o resultado permanece incerto.

O encontro se baseia num plano de dez pontos apresentado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e que culmina na retirada completa das tropas russas e no estabelecimento dos meios para alcançar "uma paz justa e duradoura".

A Rússia não vai participar do evento. Segundo a Suíça, o país não foi convidado porque sinalizou não ter qualquer interesse em participar. O governo russo disse que a iniciativa é "uma perda de tempo".

Sem Brasil e China

Na esteira da decisão do presidente russo, Vladimir Putin, países como Brasil e China já manifestaram desinteresse em participar de conversas sem a presença dos dois lados do conflito, segundo comunicaram as autoridades da Suíça.

O assessor especial da presidência, Celso Amorim, chegou a assinar uma declaração com o ministro chinês do Exterior, Wang Yi, pedindo para que sejam feitas negociações "reconhecidas tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia".

Segundo o Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou por telefone com Putin nesta segunda-feira (10/06) e voltou a defender um acordo de paz e a participação da Rússia nas negociações de paz.

Os organizadores do evento, porém, afirmaram que, até agora, o Brasil e outros países emergentes, como a África do Sul, não confirmaram nem cancelaram sua participação no evento, apesar da ausência de Lula ser dada como certa. "A lista final dos países participantes só será publicada pouco antes da cúpula”, diz o comunicado.

Lula viajará para a Europa para uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça, no dia 13, antes de participar da cúpula do G7 na Itália, nos dias 14 e 15, a convite da premiê Giorgia Meloni. Mas Lula não participará da cúpula sobre a Ucrânia, que ocorre logo em seguida, nos dias 15 e 16.

Até o momento, 90 estados e organizações confirmaram presença. O evento acontece no complexo hoteleiro Bürgenstock, localizado no topo de uma montanha na vila de Obbürgen, perto da cidade de Lucerna, no centro da Suíça. O local foi escolhido por questões de segurança devido ao seu difícil acesso – na última semana, o país registrou um aumento em ataques cibernéticos e desinformação sobre o evento.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, são esperados no encontro. A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, representará o seu país. O conselheiro de segurança nacional do Presidente Joe Biden, Jake Sullivan, também estará presente.

O que será discutido

O presidente ucraniano anunciou pela primeira vez sua fórmula de paz de dez pontos numa cúpula do G20 em novembro de 2022. Ela também inclui a criação de um tribunal especial para julgar os crimes de guerra russos.

A Suíça, porém, diz que a cúpula vai conseguir avançar apenas sobre três temas – segurança alimentar, segurança nuclear para produção de energia e a libertação ou troca de prisioneiros de guerra ou deportados. A expectativa dos organizadores é criar um roteiro que inclua a Rússia nas negociações em etapas posteriores.

As conversas acontecem em meio a uma crescente avanço dos russos sobre território ucraniano. O país avançou sobre áreas da região da cidade de Donetsk nos últimos meses.Em conferência realizada nesta terça-feira em Berlim, Zelenski afirmou que a Ucrânia perdeu metade de sua capacidade de geração de energia em decorrência de ataques russos.

gq/as (EFE, AFP, Lusa e Reuters)