Brasil continua a receber voos do Reino Unido
21 de dezembro de 2020Mais de 30 países já suspenderam voos procedentes do Reino Unido devido ao temor em relação a uma nova variante altamente infecciosa do coronavírus, que foi detectada no território britânico nos últimos dias. Nesta segunda-feira (21/12) a suspensão ganhou a adesão da Índia, Polônia, Espanha, Suíça, Rússia e Jordânia. No domingo, Alemanha, França, Bélgica e Itália já haviam seguido esse caminho, barrando até mesmo o tráfego ferroviário e rodoviário.
Mas, por enquanto, o Brasil não tomou nenhuma medida para restringir voos procedentes do Reino Unido – e nem planeja impor medidas específicas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Nesta segunda-feira, um voo da British Airways com origem em Londres aterrissou normalmente em Guarulhos. Uma nova chegada é esperada na manhã de terça-feira.
Outros países da América do Sul, como Chile e Colômbia, já anunciaram suspensões. De acordo com O Estado de S. Paulo, o Brasil não pretende seguir o exemplo.
A publicação aponta que a avaliação do governo federal é que uma portaria publicada em 17 de dezembro, que exige a apresentação do teste RT-PCR negativo tanto para brasileiros quanto para estrangeiros, é suficiente para barrar a entrada de passageiros infectados procedentes do Reino Unido.
No entanto, tal portaria prevê que os testes só vão começar a ser exigidos em 30 de dezembro. Até lá, o Brasil segue sendo um dos poucos países do mundo que não impõe algum tipo de restrição à entrada de passageiros internacionais pelos aeroportos, como apresentação de diagnóstico ou quarentena obrigatória.
Variante
Na segunda-feira passada (14/12), o governo britânico anunciou que mais de mil casos de covid-19 associados a uma nova variante do Sars-Cov-2 haviam sido identificados, especialmente na Inglaterra.
A nova cepa do coronavírus é resultado de uma mutação. Tais mudanças no material genético dos vírus são normais e ocorrem com muita frequência. Até o momento, a ciência já detectou cerca de 300 mil mutações no Sars-Cov-2. Com o aumento no número de infectados, aumenta também a probabilidade e a frequência de mutações aleatórias do novo coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira que não há nenhuma evidência de que a nova cepa identificada no Reino Unido provoque uma infecção mais grave ou seja capaz de afetar a eficácia dos diagnósticos e vacinas disponíveis.
Especialistas britânicos informaram à OMS que "não acreditam que isto tenha algum impacto na vacina", disse a diretora do departamento técnico contra a covid-19 da organização, Maria Van Kerkhove, em entrevista coletiva em Genebra.
Por outro lado, a epidemiologista confirmou que a nova cepa seria transmitida mais facilmente, o que explica o aumento de 1,1 para 1,5 no número de reprodução do vírus (quantas pessoas são contaminadas por cada infectado) no Reino Unido, coincidindo com a propagação da nova variante.
A nova variante do coronavírus e as restrições impostas no Reino Unido se juntam a um cenário já caótico, com o país se preparando para finalmente se separar da União Europeia, possivelmente sem um acordo comercial, quando o período de transição do Brexit se encerrar no dia 31 de dezembro.
JPS/rtr/efe/ots