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Borussia Dortmund está à beira da falência

(gh)17 de fevereiro de 2005

Só um acordo com os credores ainda pode salvar da insolvência clube dos brasileiros Dede, Ewerthon e Evanilson, que acumula dívidas de 120 milhões de euros.

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Ações do Dortmund são bola furadaFoto: dpa

Ainda bem que o principal patrocinador do Borussia Dortmund é uma grande companhia de eletricidade, senão a luz do clube, provavelmente, já teria sido apagada para sempre. Em comunicado obrigatório enviado à Bolsa de Valores, nesta quinta-feira (17/02), o clube informou seus acionistas de que corre o risco de falir e logo apresentou um plano para sanear suas finanças. "Se todos os credores concordarem com o plano, a empresa Borrusia Dortmund ainda é saneável e tem futuro", declarou o diretor-executivo do clube, Michael Meier.

A crise financeira do Dortmund caiu como uma bomba na Bolsa de Frankfurt. As ações do Borussia, lançadas em 2000 por 11 euros, caíram para 1,90 euro. Maier havia declarado que, se não fosse encontrado um investidor para recomprar o estádio, em junho de 2005, o Dortmund não estaria mais em condições de honrar seus compromissos financeiros e custear os financiamentos necessários.

Prejuízo decepcionante

Borussia Dortmund Pressekonferenz
Dirigentes do Dortmund, Hans-Joachim Watzke (e) e Michael Meier anunciam os números da catástrofe financeira do clubeFoto: AP

Só para o primeiro semestre do exercício financeiro de 2004/2005, a entidade prevê um prejuízo operacional de 27,2 milhões de euros. Sem medidas de saneamento, o saldo negativo aumentaria para 68,8 milhões de euros até 30 de junho de 2005, significando uma queima de 79% do capital investido pelos acionistas. "Faltam-nos 29,7 milhões de euros só para saldar as dívidas pendentes até o fim de junho", disse Maier.

"O prejuízo de 27,2 milhões de euros é muito decepcionante. E não se vêem progressos em termos de saneamento", disse Carsten Heise, diretor da Associação Alemã de Proteção à Posse de Ações. "Quem ainda vai investir no Borussia Dortmund?", questionou.

Plano de salvação

A direção do Borussia espera conquistar novos investidores com o seguinte plano:

  1. O clube recompra parcialmente seu estádio (que pertence ao fundo Mosiris, subsidiária do Commerzbank) para economizar o aluguel de 17 milhões de euros por ano
  2. Redução das cotas de leasing pagas à seguradora Gerling, de Colônia.
  3. Moratória para as dívidas até o exercício financeiro 2006/2007.

Segundo Meier, falta convencer "só três credores" da viabilidade do plano. "Tudo depende deles", disse, sem citar nomes. O principal acionista do Dortmund, Florian Homm, não descarta injetar mais dinheiro no clube, "mas só sob condições muito rígidas".

Negócios obscuros

Demonstration der Fans von Borussia Dortmund vor dem Bundesligaspiel gegen VfL Bochum, 21. Spieltag
Torcida protesta contra "negócios obscuros" da diretoriaFoto: AP

Analistas na Bolsa de Frankfurt acusaram o Borussia de haver queimado capital na fogueira das "obscuras transações financeiras". "As ações do Dortmund deveriam ser retiradas da bolsa", disse Fidel Helmer, da corretora Hauck & Aufhäuser. O Banco do Estado da Renânia do Norte-Vestfália (WestLB) e a investidora britânica Schlechter, que por exemplo já investiu no Schalke, rejeitaram propostas para ajudar o campeão alemão de 2002.

Com o lançamento pioneiro das ações de um time de futebol na Bolsa de Frankfurt, em outubro de 2000, o Borussia captou 130 milhões de euros no mercado financeiro. Hoje o clube acumula dívidas avaliadas em 120 milhões de euros. Os sinais de decadência começaram a ficar evidentes já no ano passado, quando teve prejuízo de 73,3 milhões de euros.

Há uma semana, a crise no clube já havia derrubado Gerd Niebaum do posto de diretor da sociedade comanditária por ações. Há três meses, ele renunciara à presidência do clube, que comandara durante muitos anos. A falência significaria o fim também de várias empresas ligadas ao Dortmund, como a goool.de Sportwear (artigos esportivos), a agência de viagens B.E.S.T e o centro de reabilitação Orthomed.

Tradição sem valor

Meisterfeier in Dortmund
Festa da conquista do Campeonato Alemão de 2002Foto: AP

Fundado em 1909, o Dortmund é um dos times de maior tradição no futebol alemão e europeu. Tem 24 mil associados, 400 funcionários e conta com uma média de 71.806 torcedores por jogo. Foi campeão da Alemanha em 1956, 1957, 1963, 1995, 1996 e 2002; conquistou a Liga dos Campeões e a Copa dos Campeões em 1997, e foi finalista da Copa da Uefa em 1993 e 2002.

Os números alarmantes apresentados nesta quinta-feira quase apagaram o brilho da cor mais alegre do time, que usa uniforme em amarelo e preto. Por mais preta que esteja a situação, o governo da Renânia do Norte-Vestfália negou ajuda ao clube, o que entristece ainda mais a torcida, mas agrada aos contribuintes: "Não devemos usar dinheiro público para pagar o salário de jogadores milionários", disse, sem piedade, o secretário de Esportes, Michael Vesper.