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Johnson diz que Brexit sem acordo é possibilidade remota

24 de julho de 2019

Premiê britânico toma posse e, em seu primeiro discurso, promete saída do Reino Unido em 31 de outubro, com ou sem pacto com a UE. Assegura, contudo, que está em melhores condições para negociar com europeus.

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Johnson fez seu primeiro discurso na Downing Street
Johnson fez seu primeiro discurso na Downing StreetFoto: Getty Images/J. J. Mitchell

O novo primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson, tomou posse nesta quarta-feira (24/07) e, em seu primeiro discurso, reafirmou que o Reino Unido deixará a União Europeia (UE) em 31 de outubro com ou sem acordo com o bloco europeu. Ele reconheceu, contudo, que a opção de um rompimento mais duro tem "possibilidade remota" de acontecer.

"O Brexit foi uma decisão fundamental do povo britânico, de que eles querem que suas leis sejam feitas por pessoas que eles podem eleger e que eles podem remover do cargo, e agora devemos respeitar essa decisão e criar uma nova parceria com nossos amigos europeus", afirmou Johnson, de 55 anos.

Seu primeiro discurso no cargo foi proferido às portas de sua já residência oficial, no número 10 da Downing Street, em Londres, após ser designado chefe de governo britânico pela rainha Elizabeth 2ª  numa audiência privada no Palácio de Buckingham.

O novo primeiro-ministro, recebido com aplausos pelos funcionários do governo, assegurou que demonstrará àqueles que duvidam que ele será capaz de conseguir um pacto satisfatório com Bruxelas. Até agora, a UE se negou a renegociar o tratado assinado em 2018 com sua antecessora, Theresa May, que não conseguiu que o texto fosse aprovado pelo Parlamento. O imbróglio acabou provocando a renúncia da conservadora.

Johnson se mostrou convencido de que é possível conseguir a eliminação da "antidemocrática" cláusula de proteção com a qual se tenta impedir que, depois do Brexit, seja criada uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, um assunto que foi o principal obstáculo para a aprovação do documento proposto por May.

O premiê disse que, embora uma saída do bloco europeu sem acordo seja uma possibilidade remota, o Reino Unido se preparará para esse cenário, porque "é sensato".

Ele fez ainda ameaças à União Europeia e afirmou que se a UE "forçar" o Reino Unido a sair sem pacto ou sem período de transição, o governo britânico pode ter um impulso extra de 39 bilhões de libras – valor referente ao pagamento que deveria ser feito pelo Reino Unido de sua conta de saída da UE.

Johnson foi recebido pela rainha Elizabeth 2ª
Johnson foi recebido pela rainha Elizabeth 2ªFoto: picture-alliance

Aos cidadãos europeus que residem no Reino Unido, prometeu "inequivocamente" que terão o direito de viver e trabalhar no país depois do divórcio do bloco.

O primeiro-ministro alegou também que vê o Brexit como uma oportunidade. "Claro que vai haver dificuldades, embora acredite que, com energia e determinação, elas serão muito menos graves do que algumas pessoas previram", acrescentou.

Enumerando algumas das medidas que pretende tomar, como reforçar as forças policiais, melhorar os hospitais e investir nos cuidados sociais e na educação, Johnson manifestou o desejo de ser "o primeiro-ministro de todo o Reino Unido". 

Johnson assume o governo num dos momentos mais delicados da história britânica. O Reino Unido está dividido sobre o Brexit e enfraquecido pelos três anos de crise política que se agravou com o referendo de 2016.

A primeira tarefa do novo primeiro-ministro será montar seu gabinete. Para implementar o Brexit, Johnson nomeará Dominic Cummings, diretor da campanha que promoveu o voto a favor do divórcio da União Europeia.

Com a escolha de Johnson para assumir o lugar de May, vários ministros da antiga premiê anunciaram que estão deixando seus cargos. Nesta quarta-feira, os secretários do Exterior, Jeremy Hunt, dos Negócios, Greg Clark, do Comércio, Liam Fox, e da Defesa, Penny Mordaunt, apresentaram suas renúncias.

A expectativa é que Johnson nomeie nas próximas horas seu gabinete de ministros, no qual deve incluir vários partidários de um Brexit duro, assim como algum correligionário mais moderado. O primeiro anunciado foi o ministro das Finanças, que será Sajid Javid. No gabinete de May, ele comandava o Ministério do Interior.

CN/efe/lusa/rtr/dpa/afp

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