Billy Wilder mostrou "ao mundo uma imagem diferente da Alemanha"
29 de março de 2002Em "nome de todos os alemães", o presidente Johannes Rau comunicou à viúva Audrey Wilder seu pesar pela morte do diretor e roteirista de cinema, que foi fazer sucesso em Hollywood após ter de fugir da Alemanha para escapar da perseguição nazista. Billy Wilder morreu na madrugada de quinta-feira em Beverly Hills, aos 95 anos. Ele sofria de câncer na língua.
Em sua mensagem, o chefe de Estado alemão destacou o artista como "diretor excepcional e pessoa maravilhosa" e lembrou o passado de Wilder. Austríaco, o sarcástico cineasta nascera como Samuel em 22 de junho de 1906 em Galizien, uma cidade localizada em território hoje pertencente à Polônia. Cresceu em Viena, Áustria, onde cursou a universidade.
Em 1929, foi viver em Berlim, como jornalista e roteirista de 11 filmes. Devido à sua ascendência judia, o jovem Wilder fugiu do regime nazista, indo primeiro para Paris, depois México e finalmente Estados Unidos, onde assumiu a cidadania americana. Sua mãe, uma avó e outros parentes foram assassinados pelos alemães no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
"Embora ele tenha tido de abandonar Berlim, em 1933, sob circunstâncias indignas, ele rodou após a guerra filmes importantes na Alemanha e mostrou ao mundo uma imagem diferente do país", elogiou Rau em sua mensagem à viúva.
Wilder esteve na Alemanha pela última vez há sete anos, durante a Berlinale, o Festival Internacional de Cinema. Mais recebeu em casa a condecoração Ordem do Mérito Federal, concedida pela Alemanha.
Premiado seis vezes com o Oscar, Billy Wilder tornou-se famoso por obras como O pecado mora ao lado e Quanto mais quente melhor, ambos com Marylin Monroe, além de O crepúsculo dos deuses. Como roteirista, participou de Ninotchka e A oitava esposa do Barba Azul.