Biden reitera retorno dos EUA ao Acordo de Paris
12 de dezembro de 2020O presidente eleito Joe Biden garantiu neste sábado (12/12) que os Estados Unidos voltarão ao Acordo do Clima de Paris "no primeiro dia" de seu governo. Ele ainda afirmou que pretende convocar uma cúpula mundial sobre o tema em seus "primeiros 100 dias" na Casa Branca.
"Os Estados Unidos voltarão ao Acordo de Paris no primeiro dia de minha presidência, e começarei imediatamente a trabalhar com meus colegas em todo o mundo para fazer tudo o que puder, incluindo convocar os líderes das maiores economias para uma cúpula do clima em meus primeiros 100 dias no cargo", disse Biden, em um comunicado.
A cerimônia de posse do novo presidente americano está agendada para o próximo dia 20 de janeiro.
O anúncio de Biden coincide com a comemoração do quinto aniversário do Acordo de Paris, onde foi estabelecido que o aumento da temperatura média global no final do século deve ser inferior a 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, e recomenda um máximo de 1,5 graus.
Biden acrescentou que seu governo aumentará "a ambição de metas domésticas" em matéria de clima e colocará "o país em um caminho sustentável para atingir emissões líquidas zero até 2050".
Os EUA, um dos principais promotores do pacto durante a presidência de Barack Obama, não participaram da reunião deste ano, que ocorre neste fim de semana de forma virtual. A ausência ocorre por causa por causa da decisão do presidente Donald Trump, um crítico do Acordo de Paris, que oficializou a saída do seu país neste ano.
Líderes reafirmam compromisso com acordo
Na abertura do encontro deste sábado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu aos líderes mundiais que declarem o estado de emergência climática nos seus países até que seja atingida a neutralidade de emissões carbono.
"Apelo a todos os líderes mundiais para declararem estado de emergência climática nos seus países até que se atinja a neutralidade nas emissões de dióxido de carbono. Já houve 38 países que o fizeram. Imploro a todos os outros que os sigam", declarou o secretário, falando numa ligação vídeo a partir da sede da organização, em Nova York.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a redução de emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030 como o "novo cartão de visita" da Europa, afirmando que a meta acordada na sexta-feira pelos líderes dos 27 parceiros europeus é o sinal para começar a "aumentar a ação climática". No entanto, ela salientou que "essa não é uma tarefa só para a Europa", um continente que é responsável por menos de 10% das emissões globais".
Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, que organiza a reunião com a França e as Nações Unidas, declarou que o seu país vai "tão cedo quanto possível" deixar de financiar projetos baseados em combustíveis fósseis fora do Reino Unido.
Johnson Admitiu "exceções limitadas" para centrais elétricas a gás, mas garantiu que os britânicos irão respeitar as premissas do Acordo de Paris, cortando os financiamentos que nos últimos quatro anos ascenderam ao equivalente a 23 bilhões de euros.
"Se tomarmos medidas ambiciosas, criaremos empregos para o futuro, daremos impulso à recuperação pós-covid-19 e protegeremos o nosso planeta para as gerações futuras", declarou Johnson, reiterando o objetivo de o Reino Unido reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 68 por cento até 2030.
O presidente chinês, Xi Jianping, apontou novas metas para a economia chinesa atingir até 2030, incluindo uma redução de 65% das emissões de dióxido de carbono por unidade do Produto Interno Bruto em relação a 2005 e um aumento de consumo de energia produzida a partir de fontes não-fósseis de 25%.
"O unilateralismo não nos levará a lado nenhum", declarou, indicando ainda que a China pretende atingir daqui a dez 1,2 biilhões de quilowatts de produção de energia a partir de fontes solares e eólicas e aumentar a sua massa florestal em seis bilhões de metros cúbicos.
Falando a partir do Vaticano, o Papa Francisco salientou que os efeitos das alterações climáticas no mundo têm "repercussões nas vidas dos mais pobres e mais fracos", defendendo que é preciso "promover uma cultura de cuidado, de dignidade humana e de bem comum" que se traduza em estratégias para conseguir a neutralidade nas emissões.
Os objetivos do Acordo de Paris fixados em 2015 vão ser confirmados em 2021 na conferência das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as alterações climáticas, quando se espera que os cerca de 200 países signatários apresentem novas contribuições determinadas nacionalmente e metas concretas de neutralidade.
JPS/efe/lusa/ots