Biblioteca virtual
19 de novembro de 2008A União Européia usou as mais modernas tecnologias para reunir milhões de objetos digitais, como filmes, fotografias, pinturas, arquivos de som, mapas, manuscritos, jornais e, claro, livros. Tudo ao alcance do internauta a partir desta quinta-feira (20/11). Os interessados terão acesso, por exemplo, a clássicos da literatura como A Divina Comédia, do italiano Dante Alighieri, e a obras de arte do pintor holandês Johannes Vermeer.
A internet e as técnicas de digitalização vão permitir que um estudante da República Tcheca acesse a Biblioteca Britânica sem precisar ir a Londres. Para a comissária européia da Sociedade da Informação e Mídia, Viviane Reding, "um amante da pintura na Irlanda poderá, também, ficar bem próximo da Mona Lisa, sem enfrentar filas no Museu do Louvre, em Paris."
Baú dos tesouros
Reding acredita que a Europeana é uma chance de dar grande visibilidade a todos os tesouros escondidos em bilbiotecas, museus e arquivos e comparar obras até agora espalhadas pelo mundo. "O começo será modesto, com 2 milhões de itens digitais, todos já em domínio público", ressaltou. Em relação a outros itens, é preciso esclarecer ainda questões de direitos autorais e uso online. Para atender a demanda, 14 pessoas trabalharão na bilbioteca virtual. O custo anual está orçado em 2,5 milhões de euros.
Até 2010, data em que a Europeana deverá estar operando em sua plenitude, o objetivo é ter 10 milhões de itens disponíveis – um número impressionante, mas uma gota no oceano se comparado com os 2,5 bilhões de livros nas bibliotecas mais comuns do continente.
Digitalizando arte
A digitalização é um processo massivo. Cerca de 1% dos livros das bibliotecas nacionais da UE podem ser acessados digitalmente. A expectativa é que o índice alcance os 4% em 2012. Mas mesmo passando por esta etapa, eles ainda precisam sem colocados online. O tamanho da tarefa é grande até mesmo para a Microsoft.
A empresa americana lançou sua biblioteca online própria no fim de 2006, mas abandonou o projeto 18 meses depois de "apenas" 750 mil itens digitalizados. Já o Google, um dos pioneiros nesta área, afirma ter 7 milhões de livros na internet.
Contra-ataque
A Europeana foi vista, primeiramente, como uma resposta da UE à inciativa do Google. Baseada em uma proposta francesa, várias nações se reuniram em 2005 para criar uma biblioteca digital para o bloco. Uma primeira tentativa, com poucos milhares de trabalhos da França, Hungria e Portugal, foi colocada na rede em março de 2007.
Somado à dificuldade inerente da tarefa, o projeto da UE tem por meta operar em 21 línguas, sendo que apenas três delas – inglês, francês e alemão – serão as mais requisitadas. Em paralelo com a Europeana, Bruxelas investirá 120 milhões de euros em 2009 e 2010 no desenvolvimento de tecnologia digital e outros 40 milhões de euros em ferramentas de tradução. A UE espera que a iniciativa privada invista na idéia e acelere todo o processo.