Berlinale 2018: os favoritos ao Urso de Ouro
O Festival Internacional de Cinema de Berlim chega ao "fim do primeiro tempo". Embora ainda seja difícil fazer previsões, algumas produções já se destacam entre os candidatos a melhor filme e em outras categorias.
'Ilha de Cachorros' – Wes Anderson
A impecável animação em "stop motion" de Wes Anderson é rica em detalhes. Com esta história sobre cães banidos da sociedade, o cineasta americano independente acrescentou um tom político a um filme de aventuras visualmente fascinante. 'Ilha de Cachorros' obteve cotações excelentes da crítica internacional, mas talvez o júri da Berlinale prefira premiar um diretor menos "comercial".
'Dovlatov' – Aleksey German
Situada em Leningrado, 1971, a produção russa que enfoca seis dias na vida do dissidente russo Sergei Dovlatov conta entre as favoritas da conceituada revista 'Screen International'. Seu visual eloquente reforça o retrato de um autor inconformista enfrentando uma sociedade autoritária. German entremeia essa luta com referências a gigantes da literatura do século 20, como Steinbeck e Nabokov.
'U: July 22' – Erik Poppe
Esta película re-encena o massacre perpetrado em 2011 pelo terrorista de extrema direita Anders Behring Breivik em Utoya, Noruega – em tomada contínua e da perspectiva de uma das vítimas. Embora impressionante do ponto de vista técnico, ela tem dividido a crítica, devido à combinação de temática perturbadora e intenções autorais ambíguas.
'The heiresses' – Marcelo Martinessi
Como indica seu título, o drama 'As herdeiras' adota uma ótica marcadamente feminina. A revista 'Screen International' louvou a "intimidade e a sutil malícia" da produção sul-americana, enquanto 'Variety' a descreveu como um longa de estreia "que equilibra com delicadeza estudo de personagens e um comentário arguto sobre classe, desejo e os persistentes privilégios da elite do Paraguai".
'Transit' – Christian Petzold
Críticos de diferentes revistas especializadas, entre as quais 'Hollywood Reporter' e 'Variety', se mostraram impressionados com o drama de Holocausto do diretor alemão. Este se orientou pelo romance 'Em trânsito', escrito por Anna Seghers no exílio, durante a Segunda Guerra Mundial, mas situou a trama no presente.
'3 days in Quiberon' – Emily Atef
A cineasta alemã Atef recria uma entrevista de três dias concedida pela atriz Romy Schneider ('Sissi') à revista 'Stern', em 1981. Como não vai além de um esboço biográfico sobre esse ícone do cinema alemão, o filme é um candidato improvável ao Urso de Ouro. Porém a interpretação de Marie Bäumer de uma personagem carismática e torturada poderá lhe valer o prêmio de melhor atriz na Berlinale.
'Don't worry, he won't get far on foot' – Gus Van Sant
A criação mais recente do anticonvencional cineasta americano Gus Van Sant é estrelada por Joaquin Phoenix, no papel de John Callahan, um cartunista de Portland, quadriplégico e irreverente. Financiada pela Amazon, a produção estreou e foi bem recebida no Festival de Sundance. Na Berlinale, ela certamente adiciona "star power" ao tapete vermelho do evento.
'Pig' – Mani Haghighi
Já antes de ser exibida, esta comédia de humor negro vinha suscitando curiosidade e especulações. Nela, quando um maníaco assassino mata uma série de cineastas iranianos famosos, um diretor banido começa a se perguntar por que não é importante o suficiente para estar na lista. Em 2015 o Urso de Ouro foi para o iraniano 'Taxi', realizado por Jafar Panahi apesar da proibição de trabalhar no país.