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Berlim terá que repetir eleições federais de 2021

19 de dezembro de 2023

Tribunal Constitucional alemão determina que eleitores de 455 zonas da capital retornem às urnas para voto federal. Pleito caótico já havia levado à anulação das eleições locais realizadas na mesma data.

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Símbolo do Tribunal Constitucional Federal da Alemanha
Decisão da mais alta corte do país vem após disputa entre partidos sobre quantas zonas eleitorais deveriam repetir a votaçãoFoto: Uli Deck/dpa/picture alliance

Após um processo eleitoral caótico em Berlim em 2021, o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha determinou nesta terça-feira (19/12) que vários distritos da capital terão que repetir a votação federal daquele ano, que elegeu membros do Bundestag, o Parlamento do país.

Devido a múltiplos erros na votação em vários locais, os eleitores de 455 distritos eleitorais de Berlim terão que retornar às urnas, mais de dois anos após as eleições. O número representa um quinto das 2.256 zonas eleitorais da cidade-estado.

A decisão do Supremo alemão vem após uma disputa entre o partido União Democrata Cristã (CDU), da ex-chanceler federal Angela Merkel, e a coalizão governista federal encabeçada pelo Partido Social Democrata (SPD) sobre quantos distritos teriam que repetir a votação.

Os 455 determinados pelo Tribunal Constitucional representam 31 distritos a mais do que o decidido pelo Bundestag no ano passado, mas ainda um número muito abaixo do que os 1.200 distritos que a CDU vinha defendendo.

A nova eleição federal foi marcada para 11 de fevereiro – último domingo antes do prazo legal. Como a coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz tem uma maioria clara no Bundestag, o equilíbrio de poder no Parlamento não deve ser alterado com o novo pleito. Contudo, alguns parlamentares podem perder seus assentos.

Votação caótica

Berlim realizou quatro votações em 26 de setembro de 2021: além da federal, ocorreram também as eleições distritais e a estadual, além de um referendo sobre expropriação de grandes empresas imobiliárias.

Embora não tenha havido denúncias de fraudes, os desafios logísticos claramente provaram ser grandes demais para muitas seções eleitorais: houve relatos generalizados de atrasos e irregularidades que violaram a legislação eleitoral.

Algumas cédulas eleitorais acabaram, outras mostravam candidatos errados ou foram fotocopiadas às pressas, enquanto algumas seções eleitorais tiveram que ser fechadas durante o dia ou permaneceram abertas por mais tempo do que deveriam. Houve relatos de mesários que permitiram a entrada de eleitores que apenas queriam votar nas eleições federais.

Uma brecha permitiu que menores inelegíveis votassem nas eleições locais e federais usando uma cédula pelo correio ordenada por alguém com 18 anos ou mais, e as cédulas enviadas pelo correio para diferentes eleições tiveram que ser colocadas em um único envelope.

O fato de Berlim também ter sediado sua maratona internacional no mesmo dia, dificultando o acesso a algumas seções eleitorais, exacerbou o caos. Como resultado, o principal funcionário eleitoral de Berlim renunciou alguns dias após o pleito.

Eleições locais já foram refeitas

O caos no pleito de 2021 já havia levado à anulação das eleições locais pelo Tribunal Constitucional de Berlim em novembro de 2022. Foi a primeira vez que uma eleição local na Alemanha foi declarada inválida por questões organizacionais.

Se a repetição da votação federal não deverá ter grande efeito, o mesmo não aconteceu com as eleições locais. Quando os eleitores voltaram às urnas em fevereiro de 2023, a conservadora CDU obteve a maioria dos votos, dando fim à coalizão de esquerda que governava a cidade-estado, formada por SPD, A Esquerda e Partido Verde.

ek (DW, AFP, DPA, Reuters, ots)