Beethovenfest 2007
24 de agosto de 2007Apesar de nunca ter estado na Inglaterra, Ludwig van Beethoven nutria um sentimento nostálgico em relação à ilha. Pelo menos de ouvir falar, a situação em Londres lhe parecia melhor do que em Viena, onde o compositor muitas vezes se sentia subestimado.
Com o tema Joy – Beethoven e a cultura britânica, o Beethovenfest, depois de haver homenageado a Rússia, a França e a Boêmia, abordará a influência inglesa na vida do compositor. "Sempre tivemos a idéia de contar esse aspecto de sua vida e obra. Beethoven não viajou muito, mas manteve estreitas relações com músicos e mecenas britânicos ao longo da vida", afirmou a diretora do festival, Ilona Schmiel.
De 24 de agosto a 23 de setembro, 61 concertos e 71 eventos como exposições, conferências, leituras, workshops, atividades para crianças, filmes e instalações irão tomar conta da cidade natal do compositor, falecido há 180 anos.
Beethoven e a Inglaterra
No início do século 19, as composições de Beethoven já gozavam de grande prestígio nas ilhas britânicas.
A decepção com Napoleão e a mudança de foco da França para a Inglaterra culminou na "sinfonia de batalha" A vitória de Wellington (1813), que contém melodias de Rule Brittania e God save the Queen. Este seu opus 91, dedicado ao príncipe regente da Inglaterra, que mais tarde se tornaria o rei George 4º, tornou-se muito popular no país.
Além disso, Beethoven, que falava francês e não inglês, manteve ao longo da vida uma estreita relação de negócios com o mecenas escocês George Thomson, para quem arranjou inúmeras canções populares escocesas, irlandesas e galesas.
Conexões de Bonn em Londres
Na capital inglesa, Beethoven mantinha importantes contatos, responsáveis por levar sua música à Inglaterra. Johann Peter Salomon, que conheceu em 1790 em Bonn, realizou em 1801 o ciclo de concertos Subscription Concerts, onde foi apresentado o Septeto op. 20, primeira obra de Beethoven a ser ouvida na ilha.
Antigo discípulo de Beethoven em Viena, o pianista Ferdinand Ries se tornou diretor da Sociedade Filarmônica de Londres, que, entre 1813 e 1823, apresentou 32 de suas obras. Em 1822, a Sociedade lhe encomendou uma composição que mais tarde se tornaria a mais célebre do gênio alemão: a Nona sinfonia. A estréia em Londres aconteceu nove meses antes de ela ser ouvida pela primeira vez em Viena.
Após a morte de Beethoven, a Rainha Vitória visitou Bonn, para prestigiar a inauguração do monumento dedicado ao gênio musical e a abertura do primeiro Festival Beethoven, em 1845.
Grandes músicos reunidos em Bonn
O concerto de abertura do festival internacional será interpretado pela Philharmonia Orchestra, sob regência de Sir Andrew Davis. Do programa constam tanto os ingleses Edward Elgar e Gustav Holst (sem falar no "quase-inglês" Georg Friedrich Händel), quanto o contemporâneo teuto-argentino Maurício Kagel.
Não menos relevantes serão as atuações de reconhecidos músicos, como o violinista virtuose russo Gidon Kremer, classificado certa vez pelo regente Herbert von Karajan como "o melhor violinista do mundo".
Há grande expectativa em torno do maestro venezuelano Gustavo Dudamel. Com apenas 26 anos, ele é um dos shooting stars da cena da música clássica. Entre as distinções mais recentes, ele foi escolhido para reger o concerto do 80º aniversário do papa Bento 16. Em Bonn, interpretará, junto com a Orquestra Juvenil Simón Bolívar, obras de Beethoven e de compositores latino-americanos.
Nos últimos anos, o Beethovenfest se consolidou como festival de renome, atraindo milhares de aficionados e músicos do mundo inteiro. Outras presenças marcantes em 2007 serão o pianista Alfred Brendel, o maestro estônio Paavo Järvi e a jovem violinista alemã Julia Fischer. (jv)