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Papel harmonizador

Christina Bergmann entrevistou Ban Ki-moon (as)6 de março de 2007

Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, o secretário-geral da ONU fala sobre seus planos, o papel da Alemanha nas Nações Unidas e o atual conflito envolvendo o programa nuclear do Irã.

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Fortalecer a unidade entre os países-membros: prioridade para o secretário-geralFoto: DW

Uma de suas primeiras frases é a que mais impressiona: "Constatei que há mais focos de conflito no mundo do que eu pensava antes de assumir o posto", diz o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, em Washington.

Uma declaração difícil de ser associada ao sul-coreano, reconhecido por ser um especialista em conflitos globais. A escolha que faz das palavras leva a crer que Ban Ki-moon pretende acentuar a importância da ONU na resolução de todos esses conflitos.

O novo secretário-geral precisa, porém, enfrentar um problema interno de coesão. Consolidar a ONU como um bloco é uma das principais prioridades de Ban Ki-moon. "Infelizmente, há muita desconfiança entre os Estados-membros, entre pequenos e grandes países, ricos e pobres", avalia.

"E há, ainda, uma grande desconfiança de alguns países-membros em relação ao secretariado da ONU. Na condição de secretário-geral, quero desempenhar um papel de harmonizador, com o objetivo de eliminar esse abismo", diz Ban Ki-moon.

Conselho de Segurança

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Ban Ki-Moon e Angela Merkel: país importanteFoto: AP

Ao comentar a relação entre os Estados Unidos e a ONU, o secretário-geral elogia a atuação de Washington nas Nações Unidas. "Os Estados Unidos são um membro muito ativo da ONU", afirma.

Ban Ki-moon relaciona pontos convergentes entre os EUA e a ONU em questões relacionadas à paz e à segurança, aos direitos humanos e à promoção da democracia, afirmando estar certo de poder contar com uma participação ativa e forte dos EUA no organismo internacional.

Desde a sua posse, Ban Ki-moon vem se referindo constantemente à necessidade de reformar as Nações Unidas, inclusive o Conselho de Segurança. "A reforma do Conselho de Segurança é necessária, considerando as dramáticas mudanças no cenário político internacional", afirma o secretário-geral, acrescentando "não haver dúvidas" de que o órgão necessita ser expandido.

Ban Ki-moon preferiu, no entanto, não opinar sobre quantos países deveriam compor o conselho reformado e nem quais. "A Alemanha é um país muito importante, o terceiro maior contribuinte, tendo participado de muitas atividades das Nações Unidas, tanto na promoção da paz e da segurança como no desenvolvimento de estratégias de segurança", avalia o secretário-geral, ao comentar as chances de o país se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança.

Por isso, aconselha a Alemanha a aumentar seus esforços para integrar o órgão, visando elevar o apoio dos demais países-membros.

Proteção climática

Diante das notícias alarmantes sobre o clima, Ban Ki-moon destaca ainda a necessidade de cooperação internacional para combater o aquecimento do planeta. "Trata-se de um problema global, por isso precisamos de ações globais", diz.

Em relação às mudanças na maneira como os norte-americanos lidam com a questão, o secretário-geral comenta: "Tenho a impressão de que, mesmo nos Estados Unidos, aumenta a consciência, principalmente entre o empresariado e no Congresso, de que esta é uma questão muito importante. Espero que o governo norte-americano considere seriamente uma participação mais ativa e construtiva neste processo."

Críticas ao Irã

Ban Ki-moon criticou a postura do governo do Irã na crise nuclear, na qual país está envolvido. "Em primeiro lugar, as autoridades iranianas devem seguir sem restrições a resolução do Conselho de Segurança. É lamentável que elas não tenham obedecido ao ultimato do conselho para encerrar as atividades de enriquecimento de urânio."

Para o secretário-geral, "tudo está nas mãos do Conselho de Segurança". Ban Ki-moon apelou às autoridades iranianas para que retomem o diálogo com a comunidade internacional, conduzido pela União Européia.

Ban Ki-moon diz esperar não apenas a resolução de inúmeros conflitos mundiais durante os cinco anos de seu mandato, mas também a implementação das metas do milênio, definidas para 2015. Não menos importante, para ele, é "colocar a casa em ordem" e tornar a ONU uma organização mais "eficiente e relevante".