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Ban Ki-moon culpa Assad por 300 mil mortes na Síria

11 de outubro de 2016

Em entrevista à DW, secretário-geral da ONU aponta fracasso da liderança síria como causa das milhares de mortes. Ban pede que EUA e Rússia restaurem trégua e diz que fim do conflito não pode depender do futuro de Assad.

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DW Conflict Zone - Gast Ban Ki-moon
Foto: DW

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez duras críticas ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, em entrevista ao programa Conflict Zone, da Deutsche Welle, nesta segunda-feira (10/10). Ban acusou o líder de ser o responsável pelas centenas de milhares de mortes no conflito sírio.

Ao ser questionado pelos jornalistas Tim Sebastian e Michel Friedman se considerava Assad um assassino em massa, o secretário-geral disse que não cabe a ele responder, mas afirmou: "É verdade que, por conta do fracasso de sua liderança, muitas pessoas morreram: mais de 300 mil".

Ban ainda admitiu que a ONU devia ter feito mais para evitar sofrimentos como os vividos atualmente na Síria. "É claro que devíamos ter começado muito mais cedo. Devíamos ter impedido [o massacre de] Srebrenica, assim como o genocídio em Ruanda. Em Aleppo, fazemos tudo que podemos. O futuro de uma pessoa, como o presidente Assad, não deveria bloquear esse processo", afirmou.

O diplomata pareceu se referir à forma como o futuro papel de Assad na Síria tem sido um obstáculo consistente entre as duas potências que tentam intermediar um acordo de paz no país do Oriente Médio: os Estados Unidos, que lutam contra o presidente, e a Rússia, que tem apoiado o regime.

Questionado se Moscou é parte do problema ou da solução na Síria, Ban afirmou que, "como secretário-geral, não é seu papel determinar quem está certo ou errado". Ele acrescentou, porém que "os EUA e a Rússia estão trabalhando intensamente" para melhorar a situação dos sírios.

"Eu apelei ao secretário de Estado americano, John Kerry, e ao lado russo para que se restaure o cessar-fogo, para que possamos entregar ajuda humanitária", disse o líder da ONU. "Precisamos entregar o mínimo a cinco milhões de pessoas que estão em áreas sitiadas e de difícil acesso."

Na entrevista, que será exibida nesta quarta-feira, Ban falou ainda sobre o futuro do Conselho de Segurança da ONU – do qual EUA e Rússia são membros permanentes –, afirmando que o órgão deveria ser "mais democrático, mais transparente e mais representativo". "Mas, infelizmente, os membros não têm sido capazes de chegar a um acordo sobre qualquer que seja o tema", opinou.

EK/dw/lusa