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Axel Scheffler e o Grúfalo pelo mundo

Joaquim Sciarra29 de agosto de 2013

Um dos mais renomados ilustradores e autores de literatura infantil alemã é, ao lado de Manfred Geier, um dos veteranos entre os autores alemães na Bienal do Livro do Rio.

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Foto: Dominic Turner

Nascido em Hamburgo em 1957, Axel Scheffler tem um dos currículos mais invejáveis do campo de escrita em que se especializou: o da literatura infantil e da ilustração. É também um dos veteranos entre os autores alemães na Bienal do Rio, ao lado do ensaísta e historiador Manfred Geier.

A lista de autores privilegiou estreantes e autores razoavelmente jovens, como Olga Grjasnowa, Julia Friese e Carmen Stephan. Mas Scheffler é também um dos mais reconhecidos autores presentes na delegação.

Com Der Grüffelo (O Grúfalo), escrito por Julia Donaldson e ilustrado por Scheffler, seus autores conquistaram renome internacional. O livro vendeu mais de 10 milhões de cópias e foi traduzido para cerca de 40 línguas – entre elas o português do Brasil, onde foi lançado pela Brinque Book. De Davidson e Scheffler, o Brasil conhece ainda O caracol e a baleia, lançado pela Cosac Naify.

Vivendo em Londres, o interesse por seu trabalho, frequentemente ao lado de Julia Donaldson, tem ressonância mundial, e O Grúfalo transformou-se em filme em 2009, numa produção da BBC. Com direção dos alemães Jakob Schuh e Max Lang, a versão inglesa contou com as vozes de atores importantes como Helena Bonham-Carter, Robbie Coltrane e James Corden. Veiculado pela emissora ZDF na Alemanha, a dublagem ficou a cargo de Christian Ulmen, Heike Makatsch e Otto Sander.

Desculpas de camundongo

A personagem principal de O Grúfalo é um camundongo e seu passeio pela floresta, dividido em duas partes, nas quais encontra seus predadores naturais, como raposas, corujas e cobras, que tentam enganá-lo e levá-lo para casa, sob pretexto de amizade, para na verdade devorá-lo. O camundongo sempre recusa os convites, dizendo que já tem um encontro marcado com o tal "grúfalo".

Cover des Buches auf Portugiesisch O Grúfalo Rechte: Divulgação/Brinque-Book. Achtung: Nur zur Rezension dieses Buchs zu verwenden!
'O Grúfalo' foi lançado no Brasil pela Brinque-BookFoto: Divulgação/Brinque-Book.

O camundongo então o descreve, já que os animais não sabem o que é um "grúfalo", de forma a meter-lhes medo. Na segunda caminhada, ele encontra realmente o grúfalo, que também tenta devorá-lo, mas a quem o camundongo então leva a conhecer os outros animais. Por fim, consegue salvar-se incitando o medo naqueles que eram mais fortes que ele.

Confiança e esperteza contra o medo

O livro foi estudado por pedagogos, por sua maneira de lidar com os temores infantis, tão próprios da idade de seus leitores. Numa tradição como a da literatura infantil alemã, recheada de histórias quase de terror para crianças, como é o caso das colecionadas em Der Struwwelpeter (no Brasil, João Felpudo), de Heinrich Hoffmann em 1845, é interessante notar a maneira como Scheffler e Donaldson parecem querer reverter o medo e o terror em crianças, em confiança e esperteza contra o perigo.

Axel Scheffler trabalha também com outros autores, como Jon Blake, Paul Shipton, Toon Tellegen e o importante autor alemão Uwe Timm. Em 2009, a renomada editora Faber & Faber de Londres contratou-o para fazer novas ilustrações para a edição comemorativa dos 70 anos de publicação do livro Old Possum's Book of Practical Cats, com poemas infantis e absurdos de T.S. Eliot, na tradição de Lear e Carroll. Trata-se do livro que daria origem ao musical Cats, um dos mais famosos da Broadway.

Na Bienal do Livro, o ilustrador e seu colega alemão Ole Könnecke conversarão com Roger Mello sobre a criação de livros infantis.