Autoridades mundiais de aviação retiram Boeing 787 do ar
17 de janeiro de 2013Após a agência norte-americana reguladora de aviação (FAA, na sigla em inglês) ter suspenso temporariamente as operações do Boeing 787 Dreamliner nos Estados Unidos nesta quarta-feira (16/01), a LAN Chile e as autoridades indianas também ordenaram suspender os voos da aeronave.
Nesta quinta-feira, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA, na sigla em inglês) também seguiu a diretriz da FAA e proibiu as operações do avião da Boeing na Europa.
Anteriormente, a All Nippon Airwas (ANA) e a Japan Airlines (JAL), maiores empresas do setor aéreo japonês, decidiram deixar suas aeronaves Boeing 787 em terra na sequência de um incidente com um voo da ANA na quarta-feira.
O Dreamliner da ANA realizava um voo doméstico com 129 passageiros e oito tripulantes a bordo, quando foi detectada fumaça na cabine cerca de meia hora após a decolagem, o que obrigou a uma aterrissagem de emergência no aeroporto de Takamatsu, no sul do Japão. Os sensores do avião da ANA indicaram problemas nas baterias.
Esse foi o sexto incidente envolvendo o mais moderno avião da Boeing nos últimos dez dias. No dia 7 de janeiro, outro Dreamliner da ANA também teve problemas, desta vez em terra, no aeroporto de Boston.
Perigo de incêndio
A agência norte-americana justificou a retirada dos Boeing 787 do ar pela possibilidade de as baterias incendiarem. Segundo a FAA, as falhas na bateria de íon-lítio resultaram na liberação de eletrólitos inflamáveis, provocando estragos por calor e fumaça nos dois aviões 787. A agência declarou ainda que "antes de qualquer voo, os operadores dos aparelhos Boeing 787, registrados nos EUA, têm que demonstrar à FAA que as baterias são seguras."
Depois de dizer que as causas dos problemas estão sendo investigadas, a agência acresceu que "essas condições, se não forem corrigidas, podem causar danos em estruturas e sistemas críticos, além do potencial de fogo no sistema elétrico".
A FAA acrescenta, finalmente, que está alertando a comunidade internacional, para que outras autoridades civis de aviação "possam decidir ações paralelas para cobrir as frotas que operam nos seus países."
Dreamliners no mundo
Na Índia, o governo do país também ordenou à companhia aérea Air India que suspenda as operações de seus aviões Boeing 787. "Pedimos à Air India para deixar em terra os seus seis Dreamliners, depois de termos recebido uma recomendação da Autoridade Federal de Aviação norte-americana por razões de segurança", declarou o diretor-geral da aviação civil na Índia, Arun Mishra.
Em todo o mundo, 49 aviões Boeing 787 de oito companhias se encontram em operação. A primeira aeronave foi entregue há 15 meses. Nos Estados Unidos, a United Airlines, maior companhia aérea do mundo, é a única operadora que utiliza esse avião, com uma frota de seis unidades.
Na América do Sul, a companhia aérea chilena LAN é a única a operar com o Dreamliner, com um total de três unidades. Não há voos para o Brasil. Em comunicado, a companhia informou nesta quinta-feira que "no seguimento da recomendação da FAA norte-americana, a LAN vai suspender temporariamente a operação dos seus três Boeing 787".
Com 24 unidades, as companhias aéreas japonesas ANA e JAL contam com a maior frota de Dreamliners no mundo. Na Europa, somente a companhia polonesa LOT opera com dois Boeing 787.
Golpe duro para a Boeing
No Japão, os investigadores do escritório de aviação civil e da comissão de segurança se concentram no exame da bateria de íon-lítio, fabricada pela sociedade japonesa GS Yuasa e integrada num sistema elétrico concebido pelo grupo francês Thales. "A bateria demonstra anomalias que podem ser vistas a olho nu, mas o sistema elétrico é complexo e exige outras investigações", declararam os investigadores.
Esse foi um duro golpe para a fabricante de aviões norte-americana. Até agora, a Boeing tinha mais de 800 Dreamliners encomendados. A notícia da suspensão das operações do Dreamliner acontece simultaneamente ao anúncio do grupo europeu Airbus de que perdeu sua posição de maior fabricante mundial de aviões para a Boeing. A Airbus declarou, no entanto, que obteve um recorde de vendas e entregas (588 aviões) no ano passado.
A Airbus se recusou a comentar os problemas da Boeing. Falando à imprensa na apresentação anual dos resultados comerciais da empresa, o executivo-chefe da Airbus, Fabrice Bregier, disse que não era sua tarefa "dar lições à Boeing", ressaltando que no passado a fabricante europeia também teve de enfrentar seus próprios problemas.
Apesar de tudo, a Boeing disse estar confiante na segurança de sua aeronave. O presidente da companhia norte-americana declarou que a Boeing trabalha ininterruptamente com as autoridades responsáveis para resolver o problema. "Nós estamos convencidos de que o Boeing 787 é seguro", disse Jim McNerney.
CA/afp/dpa/lusa/ap/dapd
Revisão: Francis França