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Atentados na Noruega

29 de julho de 2011

Polícia declara encerrada busca por mortos do tiroteio, e primeiras vítimas são enterradas. Diretora do serviço secreto: "Breivik é totalmente mau". Advogado diz que atirador planejou mais ataques e tomou drogas.

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Two young women stand in silence after placing flower near Sundvollen close to the Utoya island, near Oslo, Norway, Tuesday, July 26, 2011, where a gunman Anders Behring Breivik killed at least 68 people. The defense lawyer for the man who confessed to the mass killings of government workers and Labor Party youth in Norway told The Associated Press on Tuesday that there's no way his client will walk free, saying Anders Behring Breivik's rampage was absurd and horrible and he's likely insane. (Foto:Ferdinand Ostrop/AP/dapd)
Luto em UtoyaFoto: dapd

Uma semana após o massacre na Ilha de Utoya, na Noruega, a polícia declarou oficialmente que todas as vítimas foram encontradas, não havendo mais desaparecidos. Assim fica confirmada em 68 a cifra de mortos no atentado a tiros pelo radical de direita Anders Behring Breivik. Ele assumiu também a autoria da explosão que matou oito pessoas no bairro do governo em Oslo, entre as quais uma funcionária do gabinete do chefe de governo.

Breivik submeteu-se a um segundo interrogatório nesta sexta-feira (29/07). O porta-voz da polícia de Oslo, Paal-Fredrik Hjort Kraby, informou que ele continuava "extremamente tranquilo" e "mais do que disposto a explicar tudo". Dois psiquiatras legistas noruegueses estão encarregados de avaliar seu grau de sanidade, e apresentarão um laudo até 1º de novembro próximo. Somente então ficará definido se o criminoso confesso deve ser responsabilizado judicialmente por seus atos.

Outros atentados planejados


Para o segundo interrogatório, Breivik foi transportado na manhã desta sexta-feira entre o presídio de alta segurança de Ila e o quartel-general da polícia na capital norueguesa, num jipe de janelas escurecidas, acompanhado por um comboio de veículos blindados.

Hjort Kraby antecipou que não haveria confrontação: a meta era, antes, repassar as mais de 50 páginas de registros do primeiro interrogatório. "Ele tem que dizer se mantém o que disse antes", explicou o porta-voz. Assim, não eram esperadas grandes revelações sobre o ato criminoso. O extremista de direita só será confrontado com os resultados das novas investigações durante o interrogatório seguinte, programado para a próxima semana.

Segundo afirmou ao jornal Aftenposten Geir Lippestad, o advogado de Breivik, este planejara outros atentados para o mesmo dia – "vários projetos de diferentes grandezas", porém "as coisas" correram diferente do planejado. Além disso, "ele tomou drogas, para conseguir fazer o que fez". Lippestad acrescentou que cerca de uma dezena de locais foram revistados no decorrer das investigações, sem que se constatassem ameaças.

"Puro mal"


Na véspera, as autoridades norueguesas reforçaram sua avaliação de que o criminoso de 32 anos de idade teria agido sozinho. A diretora do serviço secreto norueguês, Janne Kristiansen, classificou Breivik como um sociopata que cometeu os atentados sem cúmplices nem conexões com uma rede de extrema direita, guardando o plano para si durante dez anos. "É um caso singular. É uma pessoa singular. Ele é total e absolutamente mau", resumiu Kristiansen.



Durante o primeiro interrogatório, Breivik alegara ter conexões internacionais com grupos e indivíduos que partilhavam de seus pontos de vista radicais, uma "rede de modernos cruzados" que preparava uma revolução contra a Europa multicultural, Outras células estariam prontas a atacar. Entretanto, os investigadores não encontraram qualquer sinal da existência de tal conspiração. "Munidos das informações de que dispomos até agora – sublinho: até agora – não temos nenhum indicador de que ele fosse parte de uma rede maior, que tivesse quaisquer cúmplices ou que existam outras células", declarou Kristiansen.

A diretora do serviço secreto da Noruega observou que criminosos solitários como Breivik são um desafio totalmente diverso de um terrorista solo, que foi treinado por uma rede e segue ordens, tendo autonomia apenas para escolher um alvo para o atentado.

Nesse ínterim, o radical de direita inglês Paul Ray, citado como "mentor" por Breivik, admitiu ao jornal londrino The Times haver mantido contato com o criminoso norueguês. O ex-ativista do grupo de British Defence League considera possível que sua ideologia estritamente anti-islâmica tenha inspirado Breivik, mas se este foi o caso, lamenta.

"Eu pertenço a seus mentores. Com certeza, posso ter sido uma inspiração para ele. Mas o que ele fez é maldade pura, não se coaduna com nada em que eu esteja envolvido." "Eu nunca poderia usar o que ele fez para impulsionar minhas próprias crenças", ressalvou Ray, que recusara ser incluído por Breivik como "amigo" no Facebook.

Desafio à tolerância norueguesa

Numa "definitivamente última" entrevista ao jornal La Dépêche du Midi, o pai de Anders Behring Breivik afirmou considerá-lo "um terrorista", não desejando mais falar sobre ele. O ex-diplomata que vive no Sul da França disse que seu filho deveria ter se suicidado, em vez de matar tantas pessoas. "Nunca mais vou poder voltar à Noruega": a localidade francesa onde mora passou agora a ser seu exílio, comentou o aposentado de 76 anos de idade.

A polícia norueguesa passou a divulgar os nomes dos mortos no acampamento social-democrata para jovens da Ilha de Utoya. A vítima mais jovem, até agora identificada, fizera 14 anos apenas poucos dias antes do tiroteio fatal. Enquanto o assassino em massa era submetido ao segundo interrogatório, eram sepultadas as duas primeiras de suas 76 vítimas. A primeira foi a norueguesa Bano Rashid, de 18 anos, acompanhada nesta sexta-feira pela comunidade em luto da localidade de Nesodden, ao sul de Oslo. Ela emigrara para a Noruega com seus pais curdos aos 4 anos de idade.

O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, anunciou na quarta-feira a criação de uma comissão independente para investigar as circunstâncias dos dois atentados do dia 22 de junho. Um de seus focos será a ação da polícia, criticada como lenta demais. Na ocasião, Stoltenberg alertou seus concidadãos que o massacre não pode colocar em questão a cultura norueguesa de tolerância. A nação deve, antes, confirmar a atitude de abertura e receptividade que Breivik quis destruir, instou o chefe de governo.



AV/dapd/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

People gather outside Oslo City Hall to participate in a "rose march" in memory of the victims of Friday's bomb attack and shooting massacre, Norway, Monday, July 25, 2011. Anders Behring Breivik has admitted bombing Norway's capital and opening fire on a political youth group retreat, but he entered a plea of not guilty, saying he wanted to save Europe from Muslim immigration. Police announced Monday that they had dramatically overcounted the number of people slain in a shooting spree at a political youth group's island retreat and were lowering the confirmed death toll from 86 to 68. (Foto:Emilio Morenatti/AP/dapd)
'Marcha das rosas' diante da prefeitura de OsloFoto: dapd
epa02841208 Bomb and terror suspect Anders Behring Breivik is pictured in a police car leaving the courthouse in Oslo, Norway, 25 July 2011, after the hearing to decide his further detention. Media and the public were barred from the custody hearing of the suspect in last week's attacks in Norway which claimed at least 93 lives, Oslo district court ruled. Norway held a minute's silence at noon (1000 GMT) to commemorate the victims of the twin attacks that claimed almost 100 lives last week. Anders Behring Breivik, 32, has been charged in connection with the attacks. EPA/JON ARE BERG JACOBSEN/AFTENPOSTE ***NORWAY OUT*** Opprinnelig filnavn: AFP000184814_ny.jpg +++(c) dpa - Bildfunk+++ Schlagworte Terrorismus, Kriminalität, Justiz
Anders Behring Breivik é presoFoto: picture alliance/dpa
Geir Lippestad, defense lawyer for Anders Behring Breivik, speaks during an interview Tuesday July 26, 2011 in Oslo, Norway. Lippestad said Tuesday his client's case suggests he is insane, adding that someone has to take the job of defending him but that he will not take instructions from his client. Lippestad also told reporters that the suspect in the bombing on the capital and the brutal attack on a youth camp that killed at least 76 people is not aware of the death toll or of the public's response to the massacre that has rocked the country. (Foto:Scanpix Norway/Berit Roald/AP/dapd) NORWAY OUT
Geir Lippestad, advogado do criminoso norueguêsFoto: Scanpix Norway/Berit Roald/dapd