Ativistas protestam em hotel de luxo em Berlim
13 de abril de 2023Ativistas climáticos do grupo Extinction Rebellion "ocuparam" nesta quinta-feira (13/04) a fachada do principal hotel de luxo de Berlim, o célebre Hotel Adlon. "Não podemos sustentar os super-ricos", dizia uma faixa estendida a partir de uma sacada.
Membros do grupo também acenderam bombas de fumaça e jogarem panfletos na avenida em frente ao prédio, localizado ao lado do Portão de Brandemburgo. Em frente ao hotel, dezenas de manifestantes entoaram frases como "Proteção climática não é crime".
A polícia interveio e encerrou o protesto em poucos minutos. De acordo com um porta-voz da polícia, quatro pessoas foram interpeladas.
Um porta-voz do hotel confirmou que os ativistas haviam reservado um quarto no Adlon para conseguir acesso ao local. A administração do hotel não informou se pretende prestar queixa.
Óleo em dezenas de prédios
Ainda no mesmo dia, membros do Extinction Rebellion e do grupo Letzte Generation (última geração) mancharam dezenas de prédios em Berlim com óleo.
Entre os alvos estavam a sede do diretório nacional do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) e o escritório da Coca-Cola na Alemanha, localizado na avenida Stralauer Allee. Outros alvos incluíram uma sede da empresa farmacêutica Bayer, da petrolífera Shell e várias agências bancárias.
Segundo a polícia, 61 pessoas foram detidas em conexão com as ações contra os prédios.
Paralelemente, cerca de 200 ativistas organizaram uma manifestação na região central de Berlim.
Desde quarta-feira, o Extinction Rebellion também está organizando um acampamento climático no Invalidenpark, na região central da capital alemã. Várias dezenas de tendas e um palco para eventos foram instalados no parque. O acampamento vem sendo usado como base para a chamada "rebelião da primavera" dos ativistas climáticos, que deve durar até 17 de abril.
Reação dos partidos
O diretório do FDP de Berlim criticou duramente, em comunicado, o ato contra sua sede. "É inaceitável que os berlinenses sejam expostos a esse grupo criminoso todos os dias", comentou o secretário-geral Lars Lindemann.
Já o secretário-geral da conservadora União Democrata Cristã (CDU), Mario Czaja, alertou contra a radicalização dos ativistas. "O ataque difamatório à sede do FDP mostra o quanto o caos climático da autoproclamada 'última geração' está se tornando cada vez mais radical."
O partido A Esquerda, de oposição, por sua vez, elogiou os atos. "As ações atingem as pessoas certas, aquelas que, com sua política e sua ganância por lucros, pressionam subsistência da humanidade", disse o vice-presidente da sigla, Lorenz Gösta Beutin.
Histórico
Fundado em 2018 como um movimento descentralizado, o Extinction Rebellion ganhou proeminência no ano seguinte ao executar ações midiáticas de desobediência civil para chamar atenção contra as mudanças climáticas. Em 2019, por exemplo, ativistas do movimento se acorrentaram à cerca da Chancelaria em Berlim com cadeados de bicicleta em volta do pescoço.
No mesmo ano, na Suíça, o grupo tingiu de verde um rio em Zurique. Ainda em 2019, ativistas ocuparam um shopping em Paris e bloquearam o acesso a uma estação de metrô em Londres. O grupo também mirou ações antiambientais do antigo governo Jair Bolsonaro, convocando em 2019 protestosem frente a embaixadas do Brasil no exterior.
jps (ots)