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Ataque aéreo mata soldados turcos na Síria

28 de fevereiro de 2020

Autoridades turcas falam em ao menos 30 militares mortos e o mesmo número de feridos. Em retaliação, Ancara bombardeia posições de tropas de segurança sírias em Idlib, elevando ainda mais a tensão na região.

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Fumaça é vista sobre a cidade de Saraqib, na província de Idlib, em 27 de fevereiro
Fumaça é vista sobre a cidade de Saraqib, na província de Idlib, em 27 de fevereiroFoto: Getty Images/A. Tammawi

Um ataque aéreo, atribuído a Damasco, matou nesta quinta-feira (27/02) mais de 30 soldados turcos e deixou o mesmo número de militares feridos na província de Idlib, no norte da Síria, o último reduto da oposição no país devastado pela guerra.

"Vários militares gravemente feridos foram hospitalizados em Hatay", afirmou Rahmi Dogan, governador da província turca que faz fronteira com a Síria. Ele responsabilizou o regime do presidente Bashar al-Assad pelo ataque.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, convocou uma reunião de emergência da cúpula de segurança do país após o bombardeiro. O encontro durou duas horas, mas não foram divulgadas mais informações.

Ancara cobrou da comunidade internacional que "assuma suas responsabilidades" em Idlib e anunciou que, em retaliação ao ataque, atacou "todas as posições conhecidas" das tropas leais ao regime de Assad.

"A comunidade internacional deve tomar medidas para proteger civis e estabelecer uma zona de exclusão aérea" na região de Idlib, afirmou as presidência turca.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou os bombardeios "indiscriminados" realizados pelas forças de Assad e pediu que Damasco e Moscou interrompam a ofensiva em Idlib e apoiem a ONU na busca para uma solução pacifica para o conflito. "Stoltenberg instou todos os envolvidos a reduzir a atenuar a situação perigosa e evitar o agravamento da horrível situação humanitária na região", afirmou seu porta-voz.

O Conselho do Atlântico Norte, o mais alto órgão de tomada de decisão da Otan, vai reunir-se de emergência nesta sexta-feira, a pedido da Turquia, devido à situação na Síria, anunciou Stoltenberg. 

Os Estados Unidos disseram estar muito preocupados com a escalada no conflito. "Estamos ao lado da nossa aliada na Otan, a Turquia, e continuamos pedindo um fim imediato a essa desprezível ofensiva conduzida pelo regime de Assad, Rússia e forças apoiadas pelo Irã", afirmou o Departamento de Estado.

Desde o início de dezembro, Idlib é alvo de uma campanha militar feroz por parte de forças leais ao governo sírio, apoiadas por bombas aéreas da Rússia. Idlib é a última fortaleza rebelde e jihadista na Síria.

Nas últimas semanas, a província foi palco de confrontos entre a Turquia, que apoia os grupos rebeldes, e as forças do regime sírio, apoiadas por Moscou. As recentes mortes marcam uma grave escalada no conflito direto entre os dois países.

Ancara possui 12 postos de observação militar no norte da Síria, que são resultado de um acordo assinado com Moscou em 2018 para reduzir a tensão na região de Idlib. Os dois países vêm, porém, trocando acusações de não estarem respeitando o pacto.

No início de fevereiro, Erdogan alertou o regime de Damasco para se retirar da região dos postos turcos e ameaçou lançar uma ofensiva no país vizinho. Depois da ameaça, houve uma escalada de tensão no conflito. No total, desde o início de fevereiro, 54 soldados turcos foram mortos na província de Idlib.

Nesta quinta-feira, jihadistas e rebeldes apoiados por Ancara retornaram a Saraqeb, uma importante cidade que haviam perdido no início do mês. Apesar da perda, o regime sírio fez grandes avanços no sul da província, recuperando mais de 20 vilarejos.

A recente ofensiva em Idlib resultou numa catástrofe humanitária. Quase 950 mil civis estão desabrigados após deixarem suas casas. Muitos vivem em tendas, prédios abandonados, abrigos improvisados e em campos abertos perto da fronteira com a Turquia.

CN/afp/efe/rtr

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