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PolíticaSíria

Ataque a petroleiro iraniano mata três no litoral da Síria

24 de abril de 2021

Navio estava próximo do porto sírio de Banias, onde fica refinaria controlada pelo regime de Bashar al-Assad. Na última semana, houve sequência de ataques na região.

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Navio com fumaca de incendio
Agência de notícias síria informou que fogo começou depois "do que parece ter sido um ataque de drone"Foto: SANA/AFP

Pelo menos três pessoas morreram em um ataque a um petroleiro iraniano no litoral da Síria neste sábado (24/04), no primeiro ataque do tipo desde que a guerra na Síria começou, há dez anos, segundo uma organização que monitora o conflito.

"Pelo menos três sírios foram mortos, incluindo dois membros da tripulação" durante o ataque e um posterior incêndio, disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para Direitos Humanos, sediado no Reino Unido.

A autoria do ataque ainda é desconhecida, segundo a organização. "Não sabemos se foi um ataque israelense", disse Abdel Rahman, detalhando que o petroleiro vinha do Irã e estava próximo do porto de Banias, na Síria. Também não está claro se o ataque foi realizado por um drone ou um míssil.

A agência estatal de notícias síria Sana informou que o fogo começou depois "do que parece ter sido um ataque de drone vindo da direção de águas libanesas". As chamas foram em seguida controladas.

Em uma reportagem publicada em março, citando autoridades dos Estados Unidos e do Oriente Médio, o Wall Street Journal disse que Israel já havia atacado desde o final de 2019 pelo menos uma dezena de navios que tinham a Síria como destino, usando minas submarinas e outros tipos de armas.

Centenas de ataques aéreos israelenses já atingiram a Síria desde o início da guerra, em 2011, em sua maioria tendo como alvos iranianos aliados do regime sírio, o movimento libanês Hizbollah e tropas do governo sírio.

"É o primeiro ataque do tipo a um petroleiro, mas o terminal de Banias já havia sido atingido no passado", disse Abdel Rahman.

Importação de petróleo

A refinaria de Banias fica na província de Tartus, controlada pelo regime do presidente Bashar al-Assad. Ele está no poder há 21 anos e confirmou na quarta-feira (21/04) que será candidato à reeleição, em um pleito considerado por muitos observadores como uma farsa. 

No ano passado, o regime de Damasco informou que mergulhadores haviam instalado explosivos em oleodutos marítimos conectados à refinaria de Banias, mas os danos não interromperam seu funcionamento.

Em fevereiro, quatro plantas industriais de petróleo e gás na província de Homs também foram atacadas por drones, provocando incêndios e danos materiais.

O ataque deste sábado ocorreu depois que um militar sírio foi morto e três soldados foram feridos na quinta-feira em ataques lançados por Israel, em resposta a um míssel disparado na direção de uma instalação nuclear secreta no estado judeu.

Segundo o exército israelense, o míssel foi disparado a partir da Síria na direção do deserto de Negev, onde fica o reator nuclear de Dimona.

A sequência de ataques ocorreu menos de duas semanas depois de o Irã ter acusado Israel de "terrorismo", após uma explosão na instalação nuclear iraniana de Natanz.

Israel é considerado a maior potência militar do Oriente Médio, e especialistas afirmam ser o único país da região a possuir bombas atômicas. Os israelenses agem há muito tempo para tentar impedir o seu inimigo Irã de se estabelecer com mais força na Síria.

Antes da guerra da Síria, o país tinha uma relativa autonomia energética, mas a produção caiu muito durante a guerra e forçou o governo a importar petróleo. Sanções estabelecidas por países ocidentais à Síria, assim como as sanções dos Estados Unidos ao Irã, dificultaram ainda mais a importação de petróleo.

Antes da guerra, a Síria produzia cerca de 400 mil barris de petróleo por dia. Em 2020, o país produziu uma média de 89 mil barris por dia, dos quais 80 mil vêm de áreas fora do controle do governo.

bl (AFP)