Saudades do espaço
19 de janeiro de 2007O astronauta alemão Thomas Reiter passou 172 dias na Estação Espacial Internacional (ISS). Pela primeira vez desde seu retorno à Terra em 22 de dezembro último, ele se apresentou à imprensa nesta quinta-feira (18/01) no Centro Europeu de Astronautas (EAC), na cidade de Colônia.
Fascinação sem fim
Reiter está de boa aparência, descansado e sem sinais visíveis das fadigas da missão. Ele só emagreceu um pouco e sua nova imagem de astronauta-modelo alemão, de terno e gravata, ainda causa estranhamento.
Durante os seis meses em que viveu na ISS, ele circundou a Terra 16 vezes, a 400 quilômetros de altitude. A mera lembrança já o transfigura.
"Embora já tenha vivenciado isso há 11 anos, é sempre uma experiência empolgante e fascinante. Não se tem um segundo de tédio olhando através da janela. Bem pelo contrário, você está sempre descobrindo coisas novas."
Laços de amizade
O astronauta fez questão de mostrar as muitas fotos tiradas no espaço sideral, numa verdadeira competição com seus colegas russos e estadunidenses. Como afirma quase nostálgico, eles formavam uma boa equipe.
"Você vive coisas avassaladoras lá em cima e as compartilha com os colegas. E isso une, naturalmente. A hora de dizer adeus é um momento triste, tenho que confessar."
Quanto aos efeitos físicos da permanência prolongada no espaço, o pior momento é a aterrissagem. O que não é de espantar, após 172 dias de gravidade zero. "Só de se levantar, você acha que o corpo pesa toneladas. Isso, mesmo treinando diariamente lá em cima", comenta o astronauta alemão.
Ano europeu da viagem espacial
Apesar disso, ele não hesita diante da pergunta se gostaria de participar novamente. "No que me diz respeito, depois desses dois vôos prolongados, estou longe de ficar 'de saco cheio'."
Reiter está absolutamente seguro de que 2007 será o ano europeu da viagem espacial. Duas grandes missões européias estão programadas.
A partir de meados do ano, o módulo não-tripulado ATV (Veículo Automático de Transporte) levará mais de sete toneladas de material à ISS. Até então, os vôos shuttle permitiam transportar um máximo de duas toneladas.
Nos últimos meses do ano será lançado o Columbus, o módulo europeu de pesquisa. E aí, assegura Reiter, começará o verdadeiro trabalho, ou seja, pesquisas científicas, experimentos e testes biomédicos.