Assassino dinamarquês é preso após fuga frustrada
20 de outubro de 2020O inventor dinamarquês Peter Madsen, condenado a prisão perpétua pela morte e esquartejamento da jornalista sueca Kim Wall, fugiu nesta terça-feira (20/10) da penitenciária onde cumpre pena em Albertslund, a oeste de Copenhague. Pouco depois, porém, ele foi recapturado pela polícia a cerca de 500 metros do local, noticiou a imprensa dinamarquesa.
Em 2018, Madsen, um engenheiro autodidata famoso na Dinamarca por seus projetos de submarinos e foguetes,foi condenado por assassinar Wall, em 2017, durante uma entrevista a bordo de um submarino que ele mesmo construiu e jogar as partes do corpo dela no mar.
O jornal dinamarquês Ekstra Bladet publicou um vídeo nesta terça-feira, que mostra Madsen sentado em um gramado ao lado de uma grande cerca, com as mãos atrás das costas, rodeado por policiais.
A polícia anunciou no Twitter que "um homem foi detido depois de uma tentativa de fuga", e um porta-voz confirmou que se tratava de Madsen.
De acordo com a mídia local, Madsen fez sua psicóloga como refém e ameaçou ela com um objeto semelhante a uma pistola. Os agentes de segurança julgaram que a vítima estava em perigo e não reagiram. Madsen também teria ameaçado explodir uma bomba. Nas imagens, ele aparece usando um colete, mas ainda não foi confirmado que a vestimenta continha explosivos, nem se a pistola era verdadeira.
O crime
Madsen assassinou a jornalista em agosto de 2017, quando ela entrevistava o inventor a bordo do submarino caseiro UC3 Nautilus, projetado por ele mesmo.
No mês passado, ele admitiu o crime pela primeira vez em uma série documental produzida pela Discovery Networks, que estreou na Dinamarca. A confissão foi feita a um jornalista que gravou secretamente mais de 20 horas de conversas telefônicas com o presidiário. Mais tarde, Madsen deu permissão para que os diálogos fossem levados ao ar.
Madsen já havia admitido que esquartejou o corpo de Wall e o jogou ao mar, mas, até então, sempre havia negado ter matado a repórter, insistindo que a morte foi um acidente.
Wall foi vista pela última vez em 10 de agosto de 2017, quando embarcou no submarino. O dinamarquês foi detido no dia seguinte, ao voltar à costa sem a repórter. O tronco de Wall foi achado no Mar Báltico duas semanas depois do crime, seguido de braços, pernas e cabeça, que estavam amarrados a pedaços de metal provavelmente para que afundassem no mar. Também foram encontradas a suposta serra usada para esquartejar o corpo e uma bolsa com a roupa que a vítima usava ao entrar na embarcação.
Ao longo da investigação, o inventor mudou várias vezes sua versão sobre a morte: primeiro alegou que a sueca havia batido a cabeça na escotilha, e mais tarde afirmou que ela teria sofrido uma intoxicação por monóxido de carbono.
Um relatório da autópsia indicou que Wall provavelmente morreu sufocada ou teve sua garganta cortada. Mas o estado de decomposição do corpo tornou impossível determinar a causa exata da morte, dizia o relatório.
Wall tinha 30 anos quando foi assassinada. A jornalista era uma profissional premiada que viajou o mundo para escrever suas reportagens, tendo feito apurações em países como Uganda, Cuba, Ilhas Marshall, Quênia e Estados Unidos.
LE/dpa,ots