Justiça
11 de novembro de 2009O alemão de origem russa, Alex W., de 28 anos, foi condenado a prisão perpétua pelo assassinato da egípcia Marwa El-Sherbini, de 31 anos, em Dresden, no Leste alemão. A sentença foi anunciada nesta quarta-feira (11/11) no Tribunal Regional de Dresden pela juíza Birgit Wiegand.
Olhando diretamente para o réu, a juíza disse que ele terá que arcar com todos "os danos materiais e imateriais que causou" aos pais, ao viúvo, ao irmão e ao filho de três anos da vítima.
Pouco antes do fim do processo, a Promotoria Pública russa entregou um documento, declarando que W. fora dispensado do Exército por motivos de doenças psíquicas. Além disso, os advogados de defesa alegaram que o réu apresentava índices de distúrbios paranóicos de personalidade. Ainda assim, a sentença máxima prevaleceu.
Xenofobia e "islamofobia"
Na Alemanha, réus condenados a prisão perpétua podem obter liberdade depois de cumprirem 15 anos de pena. Em seu veredicto, no entanto, o tribunal de Dresden constatou a culpa de excepcional gravidade, o que descarta, praticamente, a libertação após 15 anos de prisão.
Um dos espectadores do processo, o embaixador do Egito na Alemanha, Ramzy Ezzeldin Ramzy, declarou estar muito satisfeito com a pena determinada para W.
A encarregada de integração do governo alemão, Maria Böhmer, considerou a sentença final "um importante sinal para o povo do Egito e outras partes do mundo árabe" e acrescentou que "não há espaço para xenofobia e 'islamofobia' em nosso país".
Antes do anúncio do veredicto, cerca de 100 muçulmanos protestaram contra discriminação. Os manifestantes defendem que o governo tome providências contra todas as páginas na internet e grupos que promovem o ódio contra o Islã e seus seguidores.
Crime xenófobo
De acordo com a juíza Wiegand, o motivo do crime foi "ódio contra estrangeiros que sempre fora uma constante na vida do acusado". Ela ainda afirmou que W. descrevera a vida na Alemanha como "uma m... multicultural", pois, para ele, os estrangeiros roubavam o seu emprego.
Alex W. assassinou a egípcia Marwa el-Shirbini, que estava grávida, em 1º de Julho deste ano durante uma sessão no tribunal. Ela havia apresentado queixa contra o jovem alemão por danos morais, depois de ser chamada de "vadia" e "terrorista" em um parque infantil em Dresden.
Enquanto encerrava o seu depoimento, a egípcia fora esfaqueada por W. 16 vezes, segundo testemunhas presentes. No momento do ataque, o marido da vítima tentou defendê-la, foi erroneamente baleado por um policial e ficou gravemente ferido. A cena aconteceu na presença do filho do casal de três anos.
JBN/dpa/epd/afp
Revisão: Carlos Albuquerque