Art Basel
10 de junho de 2009Marc Spiegler, codiretor artístico da Art Basel, não vê nenhuma diferença em relação ao ano passado: "Encontramos colecionadores de todo o mundo – de Catar, da Rússia, da América do Sul e da China. É como sempre foi".
No entanto, não deixa de haver uma grande diferença. Todo o dinheiro de especulação que levou o mercado às alturas nos últimos anos não está mais em jogo.
Marc Spiegler faz questão de destacar que a Art Basel não apresenta uma arte popular e glamorosa, com a qual se ganha dinheiro fácil, mas sim artistas e colecionadores sérios. "Agora estamos passando por uma fase de maior concentração. Acho que na Art Basel é possível encontrar muita coisa interessante e não muito cara", avalia ele.
Colecionadores de segunda geração
Outra diferença no atual mercado de arte é a nova geração de colecionadores, a chamada geração dos herdeiros, cada vez mais presente no mercado. Marc Spiegler comenta que esta é uma boa época para colecionadores: "É possível preencher lacunas nas coleções. Também é possível iniciar uma coleção totalmente nova".
Na Basileia, ninguém quer falar de crise. E talvez com razão, considerando que a Art Basel é a maior feira de arte do mundo. Enquanto sua concorrente americana, a Art Miami Beach, realizada em dezembro do ano passado, reuniu sobretudo o público americano, a feira suíça tem uma maior representatividade internacional.
O curador Werner Spies, estudioso especializado no surrealista Max Ernst e diretor do museu de arte do Centro Georges Pompidou, em Paris, considera positivas as atuais condições: "Acredito que as coisas realmente boas – e na Basileia se encontram trabalhos realmente bons – são resistentes. Acho que, se insistirmos na qualidade, não haverá crise".
Otimismo exagerado?
Apesar de todo o otimismo, o codiretor da Art Basel não tem acesso aos números: "Não podemos medir o faturamento. Não somos um leilão; por isso, não há transparência em relação às vendas das galerias".
Não é todo mundo, no entanto, que compartilha do otimismo em relação ao mercado de arte no momento. O colecionador alemão Frieder Burda, cujas aquisições ao longo de 40 anos estão expostas hoje em um museu em Baden-Baden, alerta contra expectativas exageradas.
Burda se admira de ver tão poucos sinais da crise. Tudo parece estar como antes, o número de pessoas circulando pela feira é inacreditável, a arte continua tendo qualidade e os preços permanecem altos. "Eu tinha certeza de que os preços se reduziriam drasticamente. Mas não é o caso. O comércio simplesmente não acredita na crise. Todo mundo se atém ao que viveu até agora e acha que as coisas vão continuar assim. Para o comércio, espero que continuem mesmo. Mas certeza disso eu não tenho", demonstra ele seu ceticismo.
Autor: Oliver Seppelfricke
Revisão: Augusto Valente