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'Arquiborescência'

23 de julho de 2009

Edifícios com grama crescendo sobre a coberta, pequenos riachos que correm por zonas de pedestres: parece utopia, mas o arquiteto belga Luc Schuiten diz que a arquitetura pode salvar as cidades.

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Schuiten denomina sua obra de 'arquiborescência'Foto: Luc Schuiten

"Sou arquiteto e utopista", conta Luc Schuiten. Ele mora e trabalha em Bruxelas, mas acredita que a cidade, como tantas outras, não terá futuro se algo não mudar em breve.

"Não dá para se sentir bem diante de tanta poluição ambiental e de perspectivas tenebrosas para o futuro", diz o visionário de 65 anos. "Então, eu tento imaginar alternativas."

Pela primeira vez, os rascunhos e desenhos do arquiteto belga relativamente pouco conhecido estão sendo expostos em uma grande mostra em Bruxelas. A entrada da instalação Cidade vegetal é composta por um caminho abobadado com galhos adornados por pequenas lâmpadas amarelas que piscam ao som da batida de um coração que sai de alto-falantes.

Após a entrada, os visitantes encontram maquetes arquitetônicas e desenhos de cidades equilibradas, coloridas, quase típicas de contos de fadas, cujos habitantes encontraram uma maneira de viver em sintonia com a natureza. Formas arredondadas e sinuosas que se entrelaçam são a marca registrada de Schuiten.

Luc Schuiten: The hollow City
Projeto de Luc Schuiten para uma cidade circularFoto: Luc Schuiten

Folhas que inspiram o projeto

"Os 'jardins verticais' são um projeto que ajudaria a curar as feridas da cidade", afirma Schuiten de olhos arregalados. Ele gostaria de criar áreas verdes que se estendessem por caminhos e plataformas, e tomassem as fachadas dos edifícios.

"A ideia é que a vegetação possa ser usada como esculturas vegetais que exalam um senso poético", cogita o arquiteto. "Elas formam um espaço de retiro, um lugar pacífico onde podemos descobrir o que nos falta – a natureza".

Nenhuma das visões de Schuiten até agora se tornou realidade, embora muitas delas pudessem ser realizadas, se alguém tivesse coragem para isso, afirma o arquiteto. Afinal, desde os anos de 1970, o arquiteto vem projetando e construindo casas particulares energeticamente eficientes. A natureza é sua inspiração.

"A natureza é a única coisa que é sustentável e, quando usamos materiais vivos para construir nossas casas, automaticamente damos prosseguimento a esse desenvolvimento através do uso da mesma sustentabilidade", explica Schuiten, que chama esse conceito de "arquiborescência" – uma combinação entre arquitetura e arborescência, ou "estrutura arbórea".

Na estrada

Entwurf von Luc Schuiten
Projeto de Schuiten inspirado na naturezaFoto: Luc Schuiten

Para divulgar suas visões a um público maior, o arquiteto começou dirigindo um carro elétrico de três rodas pelas ruas de Bruxelas. O veículo de dois lugares com o logotipo da exposição na lateral parece uma combinação entre uma bicicleta reclinada e um carro, e é controlado através de dois joysticks.

"Nada de barulho, nada de poluição", afirmou o projetista, dando a largada sob o olhar curioso de pedestres e motoristas. "Se eu viajar mais de 100 quilômetros, eu tenho que pedalar", explica. "Mas eu adoro pedalar – isso me faz manter a forma. Também posso economizar energia e me divertir ao mesmo tempo."

Se dependesse do arquiteto, as pessoas no futuro dirigiriam somente carros elétricos de pequeno porte recarregáveis ao longo das ruas. Caminhões teriam trailers especiais de energia atrelados a eles.

Vivendo um sonho

Luc Schuiten in seinem Elektroauto
Schuiten em seu carro elétricoFoto: Luc Schuiten

Ao chegar em sua casa nos arredores de Bruxelas, Schuiten estaciona seu veículo na garagem. A fachada elegante da antiga residência em estilo townhouse esconde um interior dominado pela madeira, projetado no estilo sinuoso de Schuiten. Uma janela que estende por dois pavimentos dá para um grande jardim.

Schuiten trabalha em seu atelier anexado à residência. Entre gavetas e pastas cuidadosamente organizadas, estão seus livros de croquis, entre centenas de outros enfileirados nas prateleiras, à espera de serem usados.

Segundo o arquiteto, as ideias lhe vêm facilmente à cabeça. Em questão de segundos, um pequeno croqui pode se tornar uma cidade inteira.

A exposição Cidade vegetal poderá ser visitada até 30 de agosto de 2009 no Musée du Cinquantenaire, em Bruxelas.

Autora: Nina Plonka

Revisão: Rodrigo Rimon