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Após escândalo da AfD, Turíngia agenda novas eleições

22 de fevereiro de 2020

Escolha de governador com votos de populistas de direita gerou crise política na Alemanha. Após negociações, partidos concordam em realizar nova votação parlamentar em março, além de eleições estaduais em abril de 2021.

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Bodo Ramelow, do partido A Esquerda,
Quatro partidos acordaram em apoiar Bodo Ramelow, do partido A Esquerda, na próxima votação em marçoFoto: picture-alliance/dpa/M. Schutt

O parlamento estadual da Turíngia, no leste da Alemanha, agendou uma nova votação para escolher o governador do estado no início de março. O acordo foi alcançado um mês depois de a eleição do último chefe de governo, com apoio de populistas de direita, ter causado um escândalo político no país.

Quatro partidos políticos chegaram a um consenso nesta sexta-feira para a realização de uma nova votação parlamentar em 4 de março – na Alemanha, é o parlamento estadual que elege o governador –, e outra eleição estadual em 25 de abril de 2021.

Após negociações em Erfurt, capital da Turíngia, o partido A Esquerda, dono da maior bancada estadual, obteve acordo com o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal Angela Merkel.

As novas eleições visam pôr um fim à crise política na Turíngia, desencadeada depois que Thomas Kemmerich, do Partido Liberal Democrático (FDP), foi eleito governador no início de fevereiro com votos de seu próprio partido, da CDU e da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) – quebrando um tabu político no país sobre colaboração com representantes da extrema direita.

Os quatro partidos também concordaram com um pacto de estabilidade a fim de impedir que a AfD exerça um papel dominante no próximo governo.

O acordo representa uma reviravolta política para os conservadores da CDU, que são oposição a Bodo Ramelow, do partido A Esquerda, e que na votação no início do mês haviam se recusado ajudar o então governador a se reeleger, em candidatura sustentada por uma coalizão com o Partido Verde e o SPD.

Agora, os quatro partidos concordaram em apoiar Ramelow na votação de março, para garantir sua eleição. O político socialista deve chefiar um governo interino até que os eleitores da Turíngia elejam uma nova assembleia estadual no próximo ano.

O governo de Ramelow visa representar uma continuação da coalizão vermelho-vermelho-verde, entre A Esquerda, Partido Verde e SPD, que ele lidera desde 2014, embora desta vez sem maioria parlamentar. Os três partidos juntos somam 42 assentos num parlamento de 90 deputados. A CDU, com 21 parlamentares, deve seguir na oposição. Com 22 cadeiras, a AfD tem a segunda maior bancada.

O líder do SPD no estado, Wolfgang Tiefensee, afirmou que o acordo de sexta-feira encerra "a situação intolerável de um período sem governo".

O vice-líder da CDU na Turíngia, Mario Voigt, disse que o partido desempenhará o papel de "oposição construtiva" no próximo ano. "São circunstâncias excepcionais. Precisamos resolver a crise juntos", ressaltou o conservador.

A porta-voz dos verdes Ann-Sophie Bohm-Eisenbrandt escreveu no Twitter: "Agora esperamos que haja águas mais calmas na Turíngia".

Crise na Turíngia

Thomas Kemmerich, do FDP, venceu a eleição indireta para governador da Turíngia por margem de um voto em 5 de fevereiro. Pressionado, ele anunciou sua renúncia no dia seguinte, mas, até então, permanecia indefinido se haveria nova eleição no estado.

O apoio ao mesmo candidato por parte de parlamentares da CDU, do FDP e da AfD provocou indignação em todo o país. A votação foi considerada uma quebra de tabu na política alemã, com o partido de Merkel acusado de promover um conluio com extremistas de direita.

A AfD da Turíngia é dominada pela ala do partido conhecida como Die Flügel ("a ala"), liderada por Björn Höcke, um político que um tribunal alemão, numa decisão incomum, decidiu que pode ser chamado de fascista por causa de suas declarações de cunho xenófobo e racista e que relativizam os crimes nazistas. Höcke tem suas atividades vigiadas pelo serviço secreto interno.

O escândalo na Turíngia é um dos motivos que levaram a presidente nacional da CDU, Annegret Kramp-Karrenbauer, a renunciar ao cargo em 10 de fevereiro. Designada por Merkel para ser sua sucessora, ela também anunciou sua desistência da candidatura a chanceler federal.

O caso também levou Merkel a demitir o então encarregado do governo alemão para os estados do leste do país, Christian Hirte. Também vice-presidente do partido na Turíngia, ele foi duramente criticado por parabenizar Kemmerich no Twitter.

EK/dpa/afp/dw

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