Ministro da CGU passa de testemunha a investigado
22 de setembro de 2021A CPI da Pandemia decidiu nesta terça-feira (21/09) passar o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, da condição de testemunha para a de investigado, após uma séria discussão dele com a senadora Simone Tebet (MDB-MS). O ministro chamou a parlamentar de "descontrolada", o que levou vários senadores a saírem em defesa da colega, classificando Wagner de "machista".
A discussão começou após Tebet expor uma cronologia das supostas ações e omissões da CGU na polêmica negociação do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, um dos alvos da CPI.
Segundo Tebet, ao contrário de outros contratos relativos à pandemia, a controladoria não agiu preventivamente para barrar irregularidades.
A senadora afirmou que a CGU foi acionada "tarde demais", contrariando acordo firmado com o Ministério da Saúde em 2020 para analisar previamente os contratos da pandemia.
Ao responder, Wagner Rosário recomendou que a senadora "lesse tudo de novo", pois só havia dito "inverdades". Tebet advertiu que o ministro não poderia dar ordens a uma senadora da República, e comparou-o a um "menino mimado".
"Não faça isso. O senhor pode dizer que eu falei inverdades, mas não me peça para fazer algo porque eu sou senadora da República", afirmou Tebet.
Foi então que Wagner Rosário chamou a senadora de "descontrolada", fazendo com que outros parlamentares saíssem em defesa da colega. A situação precipitou o encerramento dos trabalhos do dia.
"A senhora me chamou de engavetador, me chamou do que quis", disse o ministro. "Me chama de menino mimado, eu não lhe agredi. A senhora está totalmente descontrolada, me atacando", completou o titular da CGU.
Wagner Rosário disse, ainda, a Otto Alencar (PSD-BA), que o chamara de "moleque de recados" do presidente Jair Bolsonaro, que não responderia "em respeito à sua idade".
Após a sessão, Tebet disse que o ministro se desculpou em particular. "Ele entendeu que se exaltou e vamos dar por encerrado esse capítulo", disse a senadora.
Acusações de prevaricação
Wagner Rosário vem sendo criticado pela cúpula da CPI por suposta omissão no caso Covaxin. No depoimento, ele defendeu sua atuação pessoal e a da CGU.
Na semana passada, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Wagner Rosário prevaricou ao não mandar investigar suspeitas sobre o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, embora a CGU dispusesse de evidências colhidas em uma operação contra corrupção no Instituto Evandro Chagas, de pesquisa biomédica, em Belém.
O titular da CGU refutou a acusação de prevaricação e alegou que a pasta abriu auditoria específica sobre o contrato da Covaxin, no dia 22 de junho. Para os senadores, porém, a providência só foi tomada depois que a CPI expôs o caso.
Ao longo da sessão, diversos senadores criticaram o tom do depoente. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) o classificou como "petulante".
Wagner Rosário chegou a ser advertido por Tasso Jereissati (PSDB-CE), no exercício da presidência, para "baixar a bola".
le/as (Agência Senado, ots)