Angela Merkel, a refugiada, tem asilo negado
24 de novembro de 2016Uma família de refugiados sírios que deu à filha nascida na Alemanha o nome da chanceler federal alemã, Angela Merkel, teve o pedido de refúgio negado, informou o tabloide Bild. A justificativa apresentada, segundo o diário, foi de que quem entra na Alemanha vindo de um terceiro Estado seguro não tem direito a refúgio.
Na prática, a decisão significa que a pequena Angela e seus pais podem, a princípio, permanecer no país por um prazo de até um ano, mas não têm direito de trazer seus familiares da Síria para o país.
A proteção poderá então ser renovada duas vezes por até dois anos cada uma. Depois disso, a família só poderá ficar na Alemanha mediante o cumprimento de alguns pré-requisitos, tais como comprovação de renda mínima e conhecimentos do idioma alemão.
Angela Merkel nasceu no dia 27 de dezembro do ano passado em um hospital de Duisburg, oeste da Alemanha, e virou manchete na imprensa nacional por causa de seu nome inusitado. Sua mãe, Tema Alhawar, estava grávida do marido, Mamon Alhamza, quando ambos fugiram do norte da Síria, pela Turquia, para escapar do conflito entre governo, curdos e militantes do "Estado Islâmico".
"Queremos agradecer por estar aqui. A Alemanha é como uma mãe para nós", disse na ocasião Mamon ao periódico Westdeutsche Zeitung.
Agora, porém, após receber a negativa do Departamento Federal para Migração e Refugiados, Mamon se mostra menos confiante. "A carta me deixou com bastante medo", disse o sírio ao Bild.
A decisão no caso da pequena Angela faz parte de uma nova prática dentro da atual crise de refugiados de decretar a chamada "proteção subsidiária" a requerentes sírios. O status é concedido àqueles que não são elegíveis a refúgio, mas ainda correm riscos em seu país de origem.
Enquanto a concessão de asilo a refugiados sírios era quase automática em 2015, um número bem menor tem obtido o status em 2016. Dos 250.008 pedidos feitos entre janeiro e outubro deste ano, apenas 577 obtiveram asilo. Do total, cerca de 150 mil foram reconhecidos como refugiados, podendo ficar no país por até três anos, mas mais de 93 mil ganharam a "proteção subsidiária".
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