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Alta de casos de covid-19 põe hospitais alemães no limite

17 de abril de 2021

Número crescente de infecções aumenta pressão sobre unidades de terapia intensiva, que têm apenas 12% dos leitos vagos. Mas hospitais contam com plano de emergência.

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Leitos de hospital em Freising, no sul da Alemanha
Foto: Lennart Preiss/AFP/Getty Images

Os números de infecção pelo coronavírus na Alemanha não param de crescer, e põem pressão sobre as unidades de terapia intensiva nos hospitais, com muitos chegando a seu limite de capacidade.

Segundo a Associação Interdisciplinar Alemã para Terapia Intensiva e Medicina de Emergência (Divi, na sigla em alemão), o número de leitos disponíveis no país caiu de 30.000 em junho de 2020 para cerca de 23.900 no início desta semana.

As UTIs estão cada vez mais lotadas. Neste sábado (17/04), 22.539 leitos de terapia intensiva estavam ocupados em todo o território alemão, deixando vagos apenas cerca de 12% do total. Essa porcentagem é menor do que a registrada no pico da segunda onda de infecções, em 16 de dezembro, quando o país contava com quase 17% dos leitos de UTI vagos.

A principal razão para a atual falta de capacidade é a escassez de profissionais de saúde qualificados. Desde o início da pandemia, cerca de 9.000 enfermeiros abandonaram a profissão. Essa perda está sendo agora duramente sentida, mesmo que a taxa de vacinação de médicos e enfermeiros tenha aumentado nos últimos meses.

O deputado Erich Irlstorfer, do partido conservador União Social Cristã (CSU), apoia uma solução pragmática para resolver esses gargalos. Ele quer introduzir uma lei que prevê melhor recompensa aos profissionais de saúde que fazem horas extras, além de incentivos financeiros para que os médicos e enfermeiros aposentados voltem a trabalhar.

A abordagem tem o apoio do médico Christian Karagiannidis, diretor científico de um departamento da associação Divi responsável por contabilizar os leitos ocupados e vagos em cerca de 1.300 hospitais alemães. "As equipes de enfermagem e os médicos estão cansados. Esse é o problema básico", afirma. "Isso realmente me preocupa."

Apesar da situação alarmante, a Alemanha ainda se encontra em uma posição relativamente confortável em comparação com países vizinhos, pelo menos em termos de número total de leitos de UTI.

Em março de 2020, a Alemanha ocupava o primeiro lugar entre 15 países da União Europeia (UE) com mais de 30 leitos de terapia intensiva por 100.000 habitantes, bem acima da média de 13,1 leitos registrada no bloco, segundo um estudo da seguradora privada de saúde PKV. Em contraste, Portugal tem apenas 4,2 leitos por 100.000 habitantes.

Plano de emergência dos hospitais

Apesar de muitos hospitais estarem próximos de seu limite, é muito improvável que o sistema de saúde da Alemanha entre em colapso, com médicos tendo que decidir quais pacientes sobreviverão – como mostraram cenas dramáticas em países como Espanha, Itália e França.

"A boa notícia é que seremos capazes de cuidar de todos os pacientes e não veremos uma situação na Alemanha na qual teremos que priorizar um paciente em detrimento do outro", disse o médico Karagiannidis, do Divi, em entrevista ao jornal berlinense Tagesspiegel em 15 de abril. "Antes que isso aconteça, mudaremos para o modo de emergência absoluta."

Para evitar tais decisões trágicas entre pacientes, os hospitais elaboraram planos de emergência. Isso significa que todos os tratamentos e procedimentos não emergenciais são pausados, e pacientes podem ser transferidos quando a capacidade de um hospital está à beira da lotação máxima.

O plano foi organizado seguindo o chamado princípio da folha de trevo, segundo o qual os 16 estados alemães estão divididos em cinco regiões. O conceito visa apoiar localidades e hospitais sobrecarregados, permitindo que grupos de pacientes sejam transferidos para locais com mais capacidade.

De acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental de controle e prevenção de doenças infecciosas, o plano visa "fornecer cuidados adequados a todos os pacientes, e nunca chegar ao ponto de precisar priorizar pacientes, mesmo que haja gargalos locais".

Desde o início da pandemia, a Alemanha soma mais de 3,1 milhões de casos de coronavírus e se aproxima de 80.000 mortes ligadas à doença. Nas últimas 24 horas, foram registradas mais de 23.000 novas infecções e 219 óbitos em todo o país.

A média móvel de novos casos por 100.000 habitantes nos últimos sete dias é atualmente de 160,7 – muito acima dos 100 que o governo federal busca implantar como limite para a adoção de medidas de restrição mais duras, incluindo um toque de recolher noturno.