Tecnologia médica
28 de agosto de 2011A Alemanha é conhecida em todo o mundo por suas montadoras e máquinas –setores cujo sucesso reflete-se no volume de exportações do país.O que nem todos sabem, porém, é que o país mantém também uma posição de liderança na indústria de tecnologia usada na medicina.
De acordo com Oliver Koppel, do Instituto de Pesquisa Econômica (IDW), de Colônia, o sucesso da indústria alemã de produtos ligados à medicina é comprovado pelo número crescente de pedidos de patentes. "Nos últimos 15 anos, esse número quase dobrou", diz Koppel.
Com toda a vasta gama de produtos que as empresas alemãs oferecem, desde talas e equipamentos eletromédicos, até implantes e próteses de quadril, o setor gera um faturamento anual de cerca de 20 bilhões de euros.
"Sessenta por cento do volume total de negócios, ou seja, cerca de 12 bilhões de euros, são gerados no exterior", afirma Koppel, acrescendo que a Alemanha deve seu sucesso nesse setor, em parte, a uma intensa estratégia de pesquisa. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento representam 8% do faturamente do setor: o dobro da média registrada em outras áreas.
Concorrência asiática
Cada vez mais, no entanto, a Alemanha está enfrentando forte concorrência do exterior. A indústria médica na Ásia – especialmente na Coreia do Sul e na China – tem vivenciado um boom nos últimos anos. O número de pedidos de patentes da China é um indicador disso. "Muitas pessoas ainda veem a China como um país onde a proteção da patente é desconsiderada. Mas este não é mais o caso", diz Koppel à Deutsche Welle.
Desde que a China se tornou membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, a proteção da propriedade intelectual tem melhorado significativamente. "Desde então, em termos de pedidos de patentes e desenvolvimentos, a China se tornou um mercado privilegiado para a tecnologia médica. Isso é ainda muito subestimado", afirma Koppel.
No entanto, a indústria médica na Alemanha ainda detém muitas vantagens, com produtos atraentes para os mercados globais. Koppel acredita que a tecnologia alemã seja particularmente apreciada graças ao grande número de clusters, centros que combinam pesquisa e expertise industrial, espalhados por todo o país.
"O cluster de tecnologia medicinal em Hamburgo, por exemplo, é de excelência", diz Koppel. "Essa forte ligação entre a indústria e a ciência ainda continua sendo a peculiaridade da Alemanha no setor de tecnologia da medicina", acrescenta o especialista, lembrando que essa combinação faz com que os produtos sejam de alta qualidade e, por isso, requisitados no mercado internacional.
Maior mercado da Europa
A Alemanha é também o maior mercado na Europa de tecnologia laboratorial. Neste campo, a empresa alemã Waldner considera-se como a número um na Europa e a segunda no mundo, perdendo apenas para a empresa norte-americana de capital aberto Thermo Fisher Scientific.
O grupo Waldner é uma holding com 12 subsidiárias. Tecnologia de laboratório e equipamentos são parte importante dos negócios. Só no ano passado a empresa registrou um faturamento de 130 milhões de euros. "Todas os grandes grupos farmacêuticos do mundo são nossos clientes", diz o diretor Helmut Hirner. Além de empresas como GlaxoSmithKline, Pfizer, Böhringer, Roche e BASF, institutos de pesquisa de grande porte como Helmholtz, Fraunhofer e várias universidades estão entre seus clientes.
Exportações vitais
O grupo Waldner, cuja ênfase está no mercado de exportação, teve, em 2010, metade de seu faturamento registrado no exterior. Os produtos Waldner não estão, contudo, presentes apenas no grande mercado norte-americano, mas também na Índia. Na verdade, o mercado indiano investe mais em equipamentos de laboratório de alta qualidade do que o chinês, fala Hirner à Deutsche Welle.
"Queremos, a partir da Índia, abastecer toda a Ásia com nossos produtos", anuncia ele. Além disso, a empresa abriu um escritório em Dubai, no início de maio último, para expandir sua participação no mundo árabe, um dos principais mercados em crescimento nos próximos 10 anos, prevê.
De fato, em todo o mundo, o mercado de saúde não dá sinais de declínio, pois a longevidade aumenta nos países desenvolvidos e as pessoas acabam gastando cada vez mais para se manterem saudáveis.
Autora: Monika Lohmüller (ca)
Revisão: Soraia Vilela