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Alemanha vende turbinas eólicas usadas

gh19 de julho de 2004

Modernização do parque eólico alemão gera mercado de segunda mão voltado aos países em desenvolvimento que querem investir em energias renováveis

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Nova geração de turbina eólica produzida na AlemanhaFoto: AP

A Alemanha está entrando numa nova era da energia eólica. Os empresários pioneiros do ramo ainda continuam na ativa, mas a primeira geração de turbinas entra em aposentadoria precoce. A tecnologia evoluiu tanto nos últimos anos que os atuais equipamentos têm potência 30 vezes superior à de seus precursores de duas décadas atrás.

A palavra de ordem é "repowering", ou seja, como são cada vez mais raras as áreas livres adequadas à instalação de novos cata-ventos, a saída é modernizar os parques eólicos existentes. A troca das velhas máquinas por novas começa a gerar um mercado de turbinas usadas.

Muitas das turbinas desativadas nesse processo de "reequipamento" só têm dez anos de operação e ainda funcionam perfeitamente. Apesar disso, em parte são simplesmente sucateadas, uma vez que o mercado de máquinas de segunda mão ainda se encontra em formação. Há indícios, porém, de que nesse setor também poderá vingar um negócio amplamente praticado com maquinário industrial, ônibus e caminhões usados: a exportação para países emergentes ou em desenvolvimento.

Vendas via internet

O nascimento "virtual" desse novo mercado ocorreu há cerca de dois anos na Alemanha, quando as primeiras turbinas eólicas usadas foram colocadas à venda no site www.windmesse.de. Encarregada pela empresa provedora da página de internet de intermediar o contato entre vendedores e compradores, Andrea Kröger conta que o pontapé inicial foi dado pelo grande número de usuários interessados em energia eólica que se encontraram no portal windmesse.de. "Das primeiras ofertas feitas ali de modo informal, surgiu uma praça de mercado onde hoje as turbinas usadas são vendidas profissionalmente, com indicação de todos os dados técnicos e inclusive fotografias que mostram o estado das máquinas", diz.

Hoje a windmesse.de tem uma oferta relativamente constante de cerca de 20 turbinas usadas. Quase todos os potenciais compradores vêm do exterior, a maioria de países do Leste Europeu. Para eles, as máquinas baratas de segunda mão são uma excelente oportunidade para ingressar no mercado das energias renováveis.

Problemas de manutenção

O presidente da Associação Alemã de Energia Eólica, Peter Ahmels, reconhece o potencial do novo mercado, mas adverte: "Se as turbinas usadas forem exportadas, é preciso também garantir um serviço de assistência técnica in loco. Alguns fabricantes já estabeleceram bases nos países de destino de seus produtos. Mas há também máquinas que não foram fabricadas em grande quantidade, cuja manutenção no exterior se torna complicada".

Já a Enercon, líder do mercado de energia eólica na Alemanha, é de opinião de que as turbinas desligadas e amortizadas no país são impróprias para a exportação. "Freqüentemente, essas máquinas apresentam sinais de desgaste e cansaço do material", disse uma porta-voz da empresa. A Enercon posiciona-se frontalmente contra a exportação de turbinas usadas como estratégia para fomentar a venda de novos equipamentos na Alemanha.

Segundo Ahmels, o mercado de turbinas usadas ainda não é um fator importante para financiar a modernização do parque eólico alemão. O valor de revenda está longe de atingir níveis comparáveis aos dos caminhões usados, por exemplo. "E isso não deve mudar muito no futuro próximo", prevê Felix Losada, porta-voz da fabricante de cata-ventos Nordex.

Segundo Losada, ainda há muitas questões indefinidas, por exemplo, o fornecimento de componentes e peças de reposição. Além disso, muitas turbinas foram fabricadas levando em conta determinadas circunstâncias locais de potência e rentabilidade, não necessariamente aquedadas para qualquer país. "Hoje, as grandes turbinas têm a melhor rentabilidade. Países ou empresas que compram máquinas usadas sabem muito bem que só as poderão usar por alguns anos, e isso sem obter os melhores resultados."

Apesar disso, Andrea Kröger, da windmesse.de, acredita que o interesse por turbinas eólicas de segunda mão tende a aumentar. "O processo de repowering ainda está no começo na Alemanha e será seguido por outros países, por exemplo, do Sudeste Asiático. Já temos contato com o Vietnã, a China e até com Sri Lanka. Portanto, penso que o mercado já é uma realidade", diz.