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Esporte

Alemanha vai da desconfiança ao medo

17 de junho de 2018

Imprensa e jogadores da seleção alemã demonstram preocupação com desempenho na estreia. Derrota para o México evidencia problemas, e time corre o risco de repetir o fiasco da França de 2002.

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Jogadores da seleção da Alemanha deixam cabisbaixos o gramado do estádio Luzhniki, em Moscou. Foto: Getty Images/M. Hangst

O que era desconfiança agora virou medo concreto: a atual campeã mundial Alemanha estreou com derrota na Copa do Mundo de 2018, e o tom no país já é de preocupação com uma classificação para as oitavas de final.

O gol marcado por Hirving Lozano, aos 35 minutos do primeiro tempo, garantiu a vitória do México em Moscou e, consequentemente, a segunda derrota alemã numa estreia em Mundiais (em 1982, perdeu por 2 a 1 para a Argélia).

As recentes preocupações da imprensa esportiva alemã se mostraram justificadas. As fragilidades detectadas nos jogos preparatórios se repetiram, neste domingo (17/06), no estádio Luzhniki, em Moscou.

A atuação letárgica e sem criatividade – em partes, sem intensidade e com fragilidades táticas – voltou a desagradar e resultou em manchetes alarmantes da mídia alemã.

"Essa derrota nos deixa com medo" publicou o tabloide Bild. "O técnico Joachim Löw iniciou em Moscou com oito campeões mundiais de 2014. Mas o time esteve praticamente irreconhecível. Os cabelos grisalhos do zagueiro Jérôme Boateng simbolizam isso."

O renomado portal esportivo Kicker falou em "desempenho sem alma contra o México" e criticou a falta de organização tática e a falta de intensidade e competitividade da seleção alemã. "No estádio Luzhniki, em Moscou, o campeão mundial não fez valer suas virtudes básicas, assim como o poder e a precisão do jogo ofensivo."

O diário Süddeutsche Zeitung colocou em sua capa a seguinte manchete: "Há motivos para se preocupar". "Löw disse publicamente que não estava preocupado antes da Copa. Sua boca disse isso. Mas o olhar de Löw mostrava que talvez sua boca não revelava toda a verdade." O diário também teceu críticas à falta de eficácia de um "impotente" Mesut Özil, um dos protegidos de Löw.

"No primeiro tempo, não encontramos soluções para o jogo deles", disse o meia Toni Kroos. "Eles fecharam os espaços inteligentemente e deixaram espaços onde podiam atuar. Na segunda etapa fomos melhor, o México cansou e os espaços ficaram maiores. Mas não marcamos um gol – tivemos chances para pelo menos um. Estamos sob pressão agora, sem dúvida. Temos que conseguir seis pontos."

"Jogamos que nem contra a Árabia Saudita [amistoso antes da Copa], mas contra um adversário melhor", explicou o zagueiro Mats Hummels. "Nós apontamos os problemas. Nossa defesa não é boa, é preciso dizer isso bem claramente. Eu e Boateng ficamos com frequência sozinhos lá atrás. Se nós entrarmos em campo assim novamente, vai ser motivo para preocupação." 

"Estou decepcionado porque perdemos o jogo. De fato, não é uma situação habitual. Precisamos lidar com isso. O torneio é longo e precisamos mostrar reação", disse Löw, em entrevista à emissora estatal ZDF. "Nosso primeiro tempo foi ruim, perdemos muitas bolas. Na segunda etapa não conseguimos executar combinações de passes da forma como imagino que deveríamos. Fomos ao ataque sem convicção, perdemos muitas bolas perto da própria área."

Na sequência, a Alemanha joga contra a Suécia, em 23 de junho, em Sochi, e encerra a fase de grupos contra a Coreia do Sul, em 27 de junho, em Kazan. E a opinião pública alemã está de acordo: a seleção precisa melhorar bastante para não repetir o fiasco da França de 2002, quando acabou eliminada da fase de grupos como atual campeã mundial.

Por outro lado, a derrota da Alemanha frente ao México aumentou as possibilidades de um reencontro do Brasil com a Alemanha. Caso os comandados de Löw se classifiquem em segundo lugar, e a seleção brasileira termine em primeiro em seu grupo, ambos os times se enfrentariam logo nas oitavas de final.

PV/sid/ots

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