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Longo caminho até a igualdade

7 de março de 2009

As mulheres do país ainda não possuem os mesmo direitos que os homens, sobretudo no mercado de trabalho. Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o Bundestag se ocupou do assunto. Interesse masculino foi mínimo.

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Alemãs de destaque na mídia, política e culturaFoto: picture-alliance/ dpa

O 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Na sexta-feira (06/03), a câmara baixa do Parlamento alemão (Bundestag) se reuniu para traçar um quadro da (des)igualdade entre os sexos. O resultado foi desolador.

Orgulho da ministra

A democrata-cristã Ursula von der Leyen se apresentou em seu papel predileto durante o debate da equiparação entre mulheres e homens: o de ministra da Família que se bate por uma maior compatibilidade entre filhos e profissão.

Segundo ela, a lei da licença para os pais, de sua autoria, é uma importante contribuição para a política de igualdade entre os sexos. A lei prevê que, se ambos os genitores cuidarem da criança em casa por um determinado período, o Estado extende o assim chamado "abono maternidade/paternidade" (Elterngeld) por dois meses. Em decorrência, a quota de homens que assumem o cuidado dos filhos quadruplicou, ressaltou Von der Leyen.

Desigualdade salarial

Deutschland Geschichte Plakat Plakat zum Frauentag 1914
Cartaz do Dia da Mulher em 1914Foto: ullstein bild - Stary

A oposição não tem nada contra o abono, nem contra a planejada ampliação do sistema de cuidados infantis. Porém a deputada liberal-democrata Ina Lenke critica o fato de a ministra se concentrar acima de tudo nas mulheres com filhos. "Política familiar é uma coisa, política para mulheres é outra. Nesse sentido, há déficits no governo alemão!"

As deputadas reunidas no Bundestag foram unânimes quanto ao mais sério déficit de todos: na Alemanha, os vencimentos das mulheres são 23% inferiores aos dos homens. A Organização das Nações Unidas também enfatizou este fato no atual relatório da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (Cedaw).

No ranking europeu da igualdade salarial, os alemães ocupam um dos últimos lugares. Para a social-democrata Christel Lume, é um escândalo que esta defasagem continue aumentando, ao invés de diminuir. "A verdade é que é necessária uma lupa para encontrar mulheres lá em cima, nas posições de liderança. Lá embaixo, no setor dos baixos salários, elas compõem a maioria. No tocante ao pagamento, saem sempre perdendo, apesar de realizar o mesmo trabalho. Temos que mudar isto urgentemente."

Perspectiva de pobreza

Os setores que ocupam muitas mulheres se distinguem pelos baixos níveis salariais. Enquanto isso, uma única mulher ocupa a presidência de uma empresa do DAX (grupo das 30 principais empresas do país, que compõem o índice alemão de ações).

Na opinião da deputada verde Irmingard Schewe-Gerigk, não se alcançará a equiparação no mercado de trabalho através de acertos voluntários, mas somente com uma quota imposta por lei. Seu modelo é a Noruega, onde desde 2006 pelo menos 40% dos cargos nos conselhos de administração das empresas devem ser ocupados por mulheres.

É verdade que o número das mulheres assalariadas na Alemanha cresceu para 64%. Porém muitas trabalham em meio expediente, por terem que cuidar paralelamente da casa e da família. A combinação de salário em geral mais baixo com meio expediente significa para muitas o risco de pobreza na velhice.

Pouco interesse masculino

Bundesfamilienministerin Ursula von der Leyen
Ministra alemã da Família, Ursula von der LeyenFoto: AP

A ministra Ursula von der Leyen também condena a má remuneração feminina, porém considera ser, em primeira linha, obrigação de empregadores e sindicatos tratar do tema. A política pode ajudar mais onde as mulheres sofrem desvantagens profissionais por ter que cuidar dos filhos, observou.

A oposição, por sua vez, exige de Berlim uma política mais engajada para a mulher de um modo geral, colocando em foco temas como a violência ao sexo feminino. A verde Schewe-Gerigk acusou: "Quatro anos de grande coalizão de governo foram tempo perdido para a política feminina. Vocês não aprovaram uma única lei sequer pelos direitos da mulher!".

O próprio Bundestag encontra-se bem longe da igualdade entre os sexos. Dos 612 deputados, menos de um terço são mulheres. E o tema parece nem mesmo inflamar muito seus colegas masculinos, pois um único deputado tomou a palavra durante o debate. E o aplauso que recebeu por seu discurso conservador foi bastante esparso.

Autor: Nina Werkhäuser/Augusto Valente
Revisão: Rodrigo Rimon