Alemanha supera Reino Unido na cooperação educacional com Brasil
8 de setembro de 2006A Alemanha, que na década passada era o quarto principal parceiro do Brasil em cooperação no ensino superior, atualmente já divide o segundo lugar com a França. A informação foi dada neste sábado (08/09) pelo vice-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), professor Renato Janine Ribeiro, durante a abertura do Terceiro Fórum Brasil-Alemanha, em Bonn.
Segundo ele, o crescimento da importância da Alemanha como parceiro do Brasil se deve à similaridade entre as filosofias educacionais adotadas pelos dois países. "É mais fácil para nós colaborar com um país onde o conhecimento não é visto como uma mercadoria. Na Alemanha, o conhecimento é transmitido de forma barata ou gratuita, isso sem falar na alta qualidade científica", destacou Ribeiro.
O vice-presidente da Capes informou que, no caso específico do estudo de recursos hídricos – tema principal do evento – há atualmente 225 bolsistas brasileiros em nível de doutorado pleno financiados pela Capes nos Estados Unidos, parceiro número um do Brasil. Na Alemanha o número chega a 134, no Reino Unido 118 e na França, 99.
No caso do doutorado-sanduíche – no qual o aluno passa um ano em outro país, mas retorna ao Brasil para concluir o estudo –, também na área dos recursos hídricos, há 173 bolsistas da Capes nos EUA, 173 na França, 77 na Alemanha e 42 no Reino Unido.
Cooperação via DAAD
Ribeiro também elogiou a política executada pela Alemanha por intermédio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). "Talvez pelo fato de que o alemão é uma língua difícil e estranha a muitas culturas, eles tenham percebido que seria preciso uma atenção especial para promover essa cooperação", afirmou.
Segundo o professor, a política de cooperação alemã vem demonstrando mais efetividade do que a dos demais parceiros internacionais do Brasil. "Os EUA não têm uma agência como o DAAD, os contatos são estabelecidos mais pelas próprias universidades. A França tem uma forte política cultural, mas que recentemente vem perdendo seu elã, talvez por já ser mais conhecida. No caso do Reino Unido, desde a reforma feita no governo Thatcher, as universidades perderam recursos e por isso adotaram uma política mais mercantilista, com objetivo de arrecadar", analisou Ribeiro.
Fórum Brasil-Alemanha
O Fórum Brasil-Alemanha – Diálogo das Sociedades Civis está em sua terceira edição. Criado em 2002 pelo ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder e pelo ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, o evento tem como objetivo discutir questões políticas, econômicas, ecológicas e culturais relevantes para os dois países e promover a integração entre as sociedades brasileira e alemã.
As duas primeiras edições do encontro aconteceram em Stuttgart e Fortaleza. O evento deste ano em Bonn tem como tema central a questão hidrográfica. Está previsto um total de 11 workshops e uma mesa-redonda, nos quais serão debatidos temas como integração regional, exclusão social, transporte fluvial, gestão de águas, energias renováveis e educação superior, entre outros.
Cerimônia de abertura
O Terceiro Fórum Brasil-Alemanha foi aberto com um discurso do professor Theodor Berchem, presidente do DAAD. Ele destacou a importância das relações entre as sociedades civis brasileira e alemã e defendeu a busca conjunta de "respostas sociopolíticas para a exclusão social".
Em seguida, discursaram o professor Abílio Baeta Neves, coordenador brasileiro do Diálogo das Sociedades Civis e o professor Renato Janine Ribeiro, vice-presidente da Capes. Gerhard Enver Schrömbgens, encarregado da política para a América Latina do Ministério alemão das Relações Exteriores, destacou que o Brasil é o país latino-americano de maior interesse para a Alemanha e que o continente continua sendo uma prioridade para Berlim.
O outro discurso foi do professor Janos Bogardi, diretor do Instituto de Meio Ambiente e Segurança Humana da Universidade das Nações Unidas, sediada em Bonn. Ele comentou a problemática da água no mundo. O ministro brasileiro da Integração Nacional, Pedro Brito do Nascimento, apresentou ao público o programa de transposição do Rio São Francisco, que busca levar o acesso à água ao semi-árido do Nordeste brasileiro.