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Alemanha devolve quadro roubado pelos nazistas

9 de janeiro de 2019

Obra roubada do político judeu e líder da resistência francesa Georges Mandel é entregue aos herdeiros legítimos. Identificação da pintura foi possível graças à comprovação do restauro de um rasgo citado num inventário.

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A ministra da Cultura da Alemanha, Monika Grütters (dir.), devolve oficialmente um quadro roubado pelos nazistas aos seus herdeiros legítimos
A ministra da Cultura da Alemanha, Monika Grütters (dir.), entrega aos herdeiros legítimos o quadro roubado pelos nazistas Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schreiber

A pintura "Portrait de Jeune Femme Assise" (Retrato de uma jovem mulher sentada) foi devolvida oficialmente a seus legítimos herdeiros, em uma cerimônia encabeçada pela ministra da Cultura da Alemanha, Monika Grütters, no Museu Gropius Bau, na terça-feira (08/01), em Berlim.

A obra do pintor francês Thomas Couture (1815-1879) pertencia ao então político francês e líder da resistência Georges Mandel e foi roubada pelos nazistas durante a Segunda Guerra. O quadro fazia parte da enorme coleção privada do recluso colecionador alemão Cornelius Gurlitt, que herdou 1.566 obras de seu pai, Hildebrand, um comerciante de arte do regime nazista.

Os herdeiros de Mandel estiveram presentes na cerimônia no Museu Gropius Bau, acompanhados pela ministra alemã, um representante da embaixada francesa e por Marcel Bruelhart, coordenador do Kunstmuseum Bern, para o qual Gurlitt deixou sua coleção quando morreu em 2014.

"Este caso novamente nos lembra de que nunca devemos parar nosso trabalho sincero de investigação dos saques de arte cometidos pelos nazistas, pelos quais a Alemanha é responsável", disse Grütters.

A ministra da Cultura enfatizou o compromisso do governo alemão em promover pesquisas na tentativa de restituir e restaurar obras de arte. Grütters acrescentou que a devolução do "Portrait de Jeune Femme Assise" representou um desfecho "comovente para a exposição do tesouro de Gurlitt". Cerca de 450 pinturas da coleção foram expostas recentemente em Berna, Bonn e Berlim.

"Temos que agradecer à família de Georges Mandel por permitir que esta obra fosse mostrada em todas as três exposições. Desta forma, tivemos a oportunidade de contar ao público sobre o destino do político judeu Georges Mandel, que foi perseguido e preso pelos nazistas", disse Grütters.

O político judeu foi ministro das Colônias (atualmente Ministério dos Departamentos de Ultramar) no último gabinete da Terceira República Francesa antes de ingressar na Resistência em 1940. No mesmo ano, a coleção de arte foi apreendida, e Mandel foi encontrado no Marrocos, onde foi detido e entregue aos nazistas. Mandel foi deportado ao campo de concentração de Oranienburg e depois para Buchenwald.  Em 1944, Mandel foi levado de volta a Paris e executado pela milícia fascista francesa.

O quadro de Couture é a quinta pintura da coleção de Gurlitt devolvida a seus legítimos proprietários, e também a sexta obra identificada como tendo sido roubada pelos nazistas.

"No final das contas, o que é decisivo não é o número de restituições, mas os esforços honestos e comprometidos em esclarecer as origens das obras completas na coleção Gurlitt", disse Bruelhart.

A identificação da pintura foi possível graças ao testemunho da ex-parceira de Mandel, que afirmou após a Segunda Guerra que a pintura tinha um minúsculo restauro de um rasgo na área do peitoral da mulher retratada – comprovado por meio de um inventário de posse feito por Mandel em 1940. Especialistas em restauração no museu federal alemão Bundeskunsthalle realizaram uma análise minuciosa e conseguiram encontrar a falha.

A inspeção foi executada como parte do Projeto Gurlitt de Pesquisa de Origem, que visa estabelecer o histórico de propriedade das obras que estavam em posse do colecionador. A descoberta das obras estampou as manchetes internacionais em 2012, quando autoridades alemãs inesperadamente toparam com as pinturas durante uma investigação fiscal.

PV/afp/ap/dpa

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